Saio fora do escritório, noto pela primeira vez que está um vento mais forte do que o usual. Habituo-me às condições atmosféricas pouco usuais para a época, principalmente quando a temperatura é mais baixa que o normal (eu e o frio...). Entro novamente no escritório, tinha-me esquecido do caderno onde escrevo alguns poemas. Ao ver-me entrar, o caderno entra em sobressalto, sabe que vou levá-lo comigo, agita-se tentando abrir-se sozinho. Pego nele e encosto-o a mim, acaricio-o, percorro os poucos metros até à porta e pouso-o na palma da minha mão. O vento abre-o e folheia-o, as folhas soltam-se do caderno e juntam-se no ar, formam um aglomerado de poemas, as rimas rimam-se e agarram-se às virgulas, os pontos-finais, em minoria face às reticências, unem-se e formam um desenho, um coração alado. O vento pegou nele com carinho, ergueu-o e convidou-me a voar... Segui pelo céu, a princípio com medo, os pés sentiram a liberdade das nuvens e eu nem me atrevi a abrir os olhos, porque é qua...