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A mostrar mensagens de março, 2008

A linha da minha vida

Os sulcos crus que me temperam a pele e a alma, o ruído de vida e faces novas a descoberto, um silvo que me rasga o sorriso em flocos de vapor e neblina. A cor das cores maior que uma Primavera, o prateado ondular de um rio num passeio agreste da vida por um fio. Chegou e partiu num local deserto e ermo, que me mova o carril e a travessa que me acalma o sonho, sem ter por onde partir serei morto e perfilhado dos montes e fragas, sem a certeza da cadência de um relógio a rugir, morrerá em mim qualquer curva que há-de vir. Serão de meus olhos a saída, a face crua e a alma nua, porque a linha da minha vida não é minha, é Tua…

Paredes com alma

Planto o suor e cravo a calejada alma na terra, na vida. A companhia do vento de um destino agreste, o ciclo de um estio que a enxada rasga, ser o dia madrugador meu alento, o som ondulante dos velhos moinhos de vento o único livro que leste. O escuro ocaso de um destino, ter mãos de ceifeira e uma alma entregue a Deus, um odor a terra, feno e erva, aquilo que outros chamam de merda. Ser relógio de Sol e nuvens atiçadas, dar asas a sonhos e chorar filhos idos que são colheitas derramadas. Tudo esquecer quando a mão no ventre quente esmaecer, ser do chão para voltar a semear nas nossas vidas um Verão, orgulhar um braço forte com o verde que nos acalma, ser pedra e erva em Paredes com Alma…

Fortuna navegante

Estrada, olhar, um suspiro perdido na face que te ocultar, um sono eterno que trazes contigo, vacila no forte, e na esteira do sorriso entra-te o mar e a sorte. Levo riqueza comigo e tinta, que se estende na paleta das mãos e de um amigo, em frases que calei entre vidas, pendendo do sono e a dormida, pinto-te no firmamento onde entras com torpor, a matiz que me respira sozinha tem nome de sonho: amor... Falas onde outros não escutam, oscilas anónima nas ameias que te prescutam, no cálido incolor entardecer que baila no céu da alma (da alma?), apesar de perdido por entre nuvens altas e dormentes, rio-me do dia, da noite, de mim, da morte e é por teus olhos que me entra o mar e a sorte...

Ido futuro

Ternura, trajas vida no olhar e nos passos serenos que é o teu respirar. A mão e o pousio, o sorriso lateral que faz o mundo inteiro surgir, vazio. Saudade e o Outono que trago algures em mim, frutos caídos das noites ausentes e as nuvens, cerradas, que permeiam o vácuo entre o não e o sim. Encontra-me, nas cidades que são as avenidas vazias, entre cada pedra e mão, no ido futuro ou agora, no chão...

A gente não lê

A quem vem aqui frequentemente peço desculpa pelas teias de aranha e pelo pó. Este blog parece um candelabro antigo. As ideias são novas, os sonhos semelhantes aos de outras vidas. De igual, apenas eu. Não tenho escrito, trago na minha camisola dobrada, ao colo, uma quantidade imensa de histórias e poemas, prosas e rosas, mas não os/as consigo escrever, desculpa(-me). Em breve, sim, em breve talvez consiga estar presente com P grande, agora é apenas hora de olhar para o relógio, pousar todas letras ao lado da minha almofada e adormecer, na esperança de todas elas, letras, esculpirem um sorriso permanente na face e contra-face das faces da vida. ... Dia 20 estarei na FNAC do GaiaShopping, num evento promovido pela FNAC e pela Corpos Editora (que "editou" o meu livro), integrado nas comemorações (antecipadas) do "Dia Mundial da Poesia". Serão distribuídas 600 mini-books de livros de 46 autores (entre eles o meu) até final do dia 21. Apareçam e apoiem quem apo