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A mostrar mensagens de julho, 2008
Tenho rios de xisto a correrem na face, agrilhoei a vida aos papeis gastos onde me banho. Na peugada dos meus próprios passos percorro a poeira que ramos virgens ostentam, porque todo o poema é um traço incompleto na reticência final de um sorriso invisível, tal como o infinito inalcançável que trago atado por um cordel...

Chuva de verão

Desde o tempo que escrevi aqui pela última vez, a única diferença é a chuva tímida que cai lá fora. Curioso auscultar a opinião das pessoas, que varia consideravelmente de dia para dia (e momento para momento), na semana passada era um calor abrasador, que fazia jus às previsões catastróficas do Verão deste ano como sendo o mais quente dos últimos 25 anos. Hoje (e não apenas hoje) ter que ouvir a chuva cair provoca-me um conforto maior ainda do que imaginar estar a ouvir o vento soprar no telhado de uma cozinha grande, aliás casa, com o calor de um braseiro. Parece-me que as opiniões acompanham os tempos modernos, varia com a mesma facilidade com que se muda de canal e disto sei do que falo, não fosse eu um zapper incondicional, tirando as vezes, raras, em que apanho um canal que gosto. Tenho andado com dores de cabeça, sinal da necessidade de descanso ou simplesmente a destruição de algumas sinapses, mas não queria deitar-me sem vir aqui deixar umas linhas. Confesso que tenho andad
Ainda estou por aqui, embora possa não parecer. A quantidade de histórias a fermentar na minha mente é surreal e, ainda por cima, encontrei uma capa com vários poemas e contos antigos (muito antigos), que irei passar para aqui um dia. Eu volto (nunca cheguei a sair).
Não há noite que não alcance as estrelas, embalar-me num pulsar invisível enquanto me abraço a elas. Flutuo enquanto percorro vários céus sob o mesmo luar, sou caneta e papel encenando estes dedos meus, que ninguém me diga: a noite está a acabar. Rebolo-me no próprio sorriso, dou as mãos às mãos que não conheço, envolto nas circunferências das tonalidades em que jamais esmaeço. A cor do que escrevo é fugaz, tem traço de homem e gesto irrequieto de rapaz. Não há noite que não me faça ao infinito, acordo esvanecendo no mundo, hoje sou grito, amanhã, talvez, vagabundo...
O meu mundo sou eu, trago-o no fundo do peito onde sou herói e réu...
Os ecos inaudíveis nas vozes abafadas surgem já entre os sonhos, há um imaginário real do que a alma escuta no vazio, um clarão que ofusca a dor na penumbra do desassossego, eclode o passado presentemente no futuro num olhar transparente que se chama Amor.
Nem as palavras me deitam, apenas o cansaço de uns passos rodopiados na orla de um jardim, não procuro o não ou o sim, aguardo um serrado com ervas como gente, uma caneta, carvão, arado com que possa cantar a minha semente. Crescem-se pinhais , onde escondo medos que nunca vivi, em suspiros, sem ais. Meço e peso cada espaço entre as linhas, e o saber das letras entre as palavras são o que sorvo, no que resta das giestas. Resisto ao adormecimento, o meu corpo... meu corpo, pesa-me como um casaco, um pedaço de vida que nunca viverá até onde a minha mão alcança. No carinho deste silêncio, quando são os que não são do dia que me anoitece quando desperto, há um sorriso emoldurado no verso do teu quadro. Pacificam as estrelas o luar que me levam o leve caminhar percorrido e o quanto de encontrado, está perdido. Há um infinito de eternos nadas, um frio adocicado de uma brisa que traz mar. Há grifos ascendentes de fénixes ressarcidas, palavras em leitos sempre frios de poemas que me leram sem

Um post - duas mensagens

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Sobre quem eu não seria se não fosse quem não sou Falava agora com o Norberto , sobre o curioso que é escrever. Adoro escrever, mas mais do que isso, gosto mesmo é de ler os comentários e de perceber o que perceberão as pessoas (deduzo que quem me leia seja pessoa) que lêem. O post anterior - Pequenitates - é sobre alguém, mas não eu. Em primeiro porque as minhas nuvens não são azuis, pelo menos não no tom azul que as pessoas pensam e em segundo porque nem tenho a certeza que tenha sido escrito por mim, apareceu por aqui no computador. Por fim, dou por mim a olhar como criança, a iludir-me como criança, a acreditar como criança, a escrever como criança, mas a cravar garras como adulto (e às vezes tenho vergonha de ter crescido). Sobre a mais velha profissão do mundo (professor) e um amigo De vez em quando "falo" no Norberto neste blog, mas ainda não o conhecem (creio eu). Estava na converseta com ele, via messenger, quando ele envia umas imagens de um livro de final de curso

Pequenitates

Nascido e criado em terras de gente grande, o pequeno Pequenitates fazia dos seus dias de traquina o horizonte do seu futuro. Corriam os dias e o Pequenitates, com a cabeça no ar, saltava de nuvem azul em nuvem azul, das que se soltam dos sonhos de infância. Nenhuma das grandiosas aventuras era pequena para o seu corpo, lá cabiam todas as realidades, mesmo as mais irreais… De salto em salto, a jogo em jogo, Pequenitates fazia do Sol Lua e da Lua brincadeira. Abrigado em esconderijos que só ele via, os pequenos pés anunciavam a sua presença e ninguém, mesmo ninguém, o denunciava, fazendo com que os risos fossem crescentes e enchessem as divisões de alegria. As letras juntaram-se e até as notas musicais apareceram para colorir a meninice do garoto. Falava e cantava, tocava e sorria, nos dias em que Pequenitates descobria que lhe cresciam ossos e carne, cabelos e espinhas, como se a realidade de pré-adolescente tentasse sair por todos os poros do seu corpo. Aos poucos a voz de Peq