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A mostrar mensagens de setembro, 2022

Queimada

“Queimada”, a crónica de um povo que arde, no Canal N . O pôr-do-sol traz de novo o bailar nocturno dos pirilampos azuis, as intermitências de um socorro enquanto a morte se encosta a um sobreiro recém despido, protegido pelo morno ar que a terra abafa quando cai a vida em trás-os-montes. Colunas de ajuda posicionam-se. A guerra combate-se com a paz. Ei-los, soldados, negros, cinzentos, alvos voluntários. A mão aflita da mãe sobre o ombro do filho ao toque da sirene, “não vás”. Atrás de cada elevação um novo ocaso. A noite caiu há muito, com ela o peso abafado de um calor que colhemos sem, sequer, o termos plantado. A culpa é dos que manietam, mas nada há a fazer além de desenrolar mangueiras, encher baldes e garrafões, erguer em riste as enxadas, ancinhos e pás. Exaurido, o povo apenas quer paz. Não é rubor de um astro que mergulha feliz no firmamento e deixa, inconsequente, um povo no seu lamento. É o fogo que ruge como fera ronronante ao sabor das presas que tombam.   A torga queima