À sombra da fé
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À sombra da fé, a crónica do nada, para ler no Correio do Porto . O Sol, ainda que não a pique, cauteriza a tarde esvaída e o meu impreparado caminhar até onde quer que o destino me leve permite-me ver, abrigado pelo muro de pedras irregulares no regular poligonal erigido à força de mãos que, há muito, o pó não provou, a sibilar certeza do quanto infrutífero é o respirar apenas para satisfação da hematose. À sombra do nicho mariano, onde Nossa Senhora se encosta por vezes um vulto negro descansa. Ei-lo negro, não da tradicional matizada maldade, mas porque o caminho desde a estação é-o subindo, andando e, nestes dias, arfando, pelo cansaço de caminhada e jornada, agora sem boleia, nem marido. Para trás o comboio, que em verdade o diga vai já lá à frente, silvando, o saco de plástico prenhe de compras feitas de palma da mão aberta na contagem dos cêntimos, centenas deles, esbate-se no empedrado chão, prenhe, exibindo à giza de um busto envergonhado o pacote de bolacha maria, dourada,