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A mostrar mensagens de julho, 2012
Que lamento o meu de mil anos não trazer numa só vida, para, por meu próprio pé, ser caminho dentro da própria estrada, ser vento ascendente que eleva uma águia planada, o calor nas gretas de uns lábios descolorados, o frio que se torna amigo do fogo que adormece a lareira, ser pelourinho móvel de um fio de água, estar onde nunca chegarei, sem eira, nem beira. Concede-me a vida, ou deus, golfadas de idade que transformo em manhã, sem recordar os passeios noutras pernas cada um a cor única de minhas cãs.
Tenho-te como paisagem e horizonte,  onde quer que vá é em ti que me faço monte.
Ambulanteio-me em ofícios que não me nasceram, entre montes em que arreio-me faço das mãos utensílios onde goivas serpenteiam ao cimo dum cerne, freixo ou oliveira, mas é dos cardos meu cardume o Sol que vai lambendo terra como quem se lava e desta terra quente onde planície é toda cume o restolho é temperado com suor, aqui não se sobrevive respira-se bem cá ao fundo o amor.
É aqui mais perto das estrelas onde me chamo lar, àquele que esqueci por me lembrar de mim deixo parte da vida a soluçar. As palavras que cultivei são como eu, semente sem fruto, ideia em árvore seca que ardeu, porque de mim, silêncio,  alvo que aumenta a cada leito dos passos na noite ajardinada, onde me condenam, me salvo para soçobrar vitorioso sobre uma espada.
Oh Leónidas, de curtos ferros austeros se soltam as noites inglórias entre  vanglórias e tristezas alma das hortências alfazemas que a noite tombou sem nome quando soube que de quatro vezes se soltam três nãos um sim. Há noite num luar, sozinha, a chorar.
Cada livro mil almas, para me descobrir e enternecer com todas as palavras que não li. Na falta de uma lombada, entretenho-me a desfolhar os dias como páginas do livro que, sem prefácio, me fazem acreditar ter escrito.
Lentamente roda o mundo pelas órbitas onde os meus olhos transladam.