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A mostrar mensagens de setembro, 2008

João de todas as semanas

As batalhas dos dias idos que teimam em guerrear no correr dos olhos gastos. As ausências do corpo e uma alma terna e alterada, a solidão de um carinho e a ânsia de viver no fundo de uma essência.

Gerundiando

Olha-me o mundo mirando o que olhos meus vislumbram, não há espera sem fundo, apenas equinócios permanentes e rugidos na noite que me sorve em gerúndio. Clama-me a sina em verdade e consequência, chama o grito num vazio pleno de ermos de saudades, mas responde apenas o silêncio com o ofegante aperto no peito. Olha-me cego, o mundo, no aconchego da minha mão em noite minha de vagabundo...

De volta

Ausente destes espaços, pareço-me comigo mesmo. Diria que não tenho tempo para escrever, mas é mentira. Faço-o diariamente, num exercício viciado e num vício exercitado, sem colocar as mãos no papel, mas colocando as ideias na mente ou na alma, quando esta última está junto a mim. Gostava de poder sentar-me aqui, ter um momento para simplesmente pegar em cada história, daquelas bem antigas, porque as novas ainda preciso de as bi-ver (ver duas vezes) e deitá-las no silêncio da minha escrita. Gostava de poder estar um dia sentado numa sala de espera de uma estação de comboios, simplesmente a ver as vidas que escorrem de todas as vidas que apressadamente nem vivem. Um dia, quem sabe? Para já, dedico-me a, com os olhos semicerrados pelo sono e por outras coisas que não rimam com Vida, escrever um pouco daquilo que leio nos olhos das pessoas. "corremos para onde? "... Até agora.
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(fotografia de Norberto Valério ) A cor dos meus olhos traja fantasia, ostenta quadros de sonhos e noites orfãs de dia. Sei-te o tom a voz da tua alma o som. Cobre-te de mim e eu de ti terra austera, porque em cada ramo meu florescem rumores secos e uma espiga de Primavera. Sombra e frondosa postura, se cabelos houvesse seria hera e chuva mole aqui, meu arado em terra pura. Que me aguarde a morte e me tema a vida, as minhas searas plantam a sorte e entre mim e eu mesmo abrigam-se ainda corpos , gente que se ama de alma despida...
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fotografia de Norberto Valério Vejo horas nos fragmentos das vidas que se abatem em mim. Quebro tempos e memórias nos ponteiros que me viajam, vendo dias e histórias e arestas que se soltam do meu olhar cego. Pauto momentos em indeléveis estalidos, o tempo não se compadece do relógio, fugaz e austero lança esquecimentos nas mãos e sonhos de quem do fino frio fiava os suspiros de quem não chegava. Mudo, agora, restam-me apenas horas que não voam, minutos que anunciavam fremente vapor escasseiam, como lenços e abas que mãos tremeluzindo amor passeiam. Amparo a solidão da madeira cansada dos bancos e do uivo gasto do vento, soçobrando à ilusão de quem me olha sem ver ausculto a dimensão dos momentos, não sou a espera adiantada do início apenas prenuncio de nome: fim-dos-tempos...