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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013
Nesta imensidão do infinito, aterrar nesta pequena fracção de pixel, onde o denominador comum é a solidão que atravessamos, enquanto corpo, por um espaço que nem sabemos sequer existir, coexistir, o quão de maravilhoso é a vida, as vidas, os sorrisos que nunca trocamos e os arco-íris que vagueiam por aí. E acima deste infinito, a própria eternidade, os caminhos que construímos, as distâncias que se aumentam de cada vez que nos negamos. O que vestimos, o que despimos, de nós e dos outros. Pouco resta no final de um dia humano que se possa transcender às imagens do que somos, além de um abraço, um sorriso e saber, que por entre estrelas ou galáxias, todos somos um pequeno ponto luminoso, brilhante ou opaco, a flutuar num espaço que não sabemos ser. Sim, tenho, por vezes, saudades de minha Casa.
A maior fatalidade de quem se procura, é achar-se imortal e com tudo o que do fútil se agarra ao corpo com medo de se perder, porque sem nós ele não existe.
O silêncio é de ouro, porque vale mais do que todas as palavras ocas, as que se dizem, as que se ouvem. Há uma riqueza escondida nos olhares de quem sabe o momento certo para falar e o exacto instante a deixar marinar palavras, para que saiam com sentido, adultas, inodoras, de ouro.
É nesta fraca luz noturna que me abandono às palavras que vou escanhoando, entre escombros de uma aventura diurna o fiel inimigo de meu sono afoitado pelos degraus que desço voando. A que sabem todos estes sons? De que são feitos os ruídos, em frequências que brotam dos corpos inanimados, que se cravam no dorso aos golpões, prendendo-me à saída como arpões àquilo que aprenderam a chamar, vida.
Oh neve, faz-me também floco, para cair na beirada de uma janela e espreitar para dentro de uma cabana, onde brilham dois corpos velhos abraçados a olhar para uma lareira.
Pouco melhor, além de ser chuva, que saber-me vivo ainda que por momentos, longe de toda a falácia que suga domingos e dias inteiros à serenidade. Lá fora, como por magia, há um barraco velho que ameaça cair, toscos blocos de um granito rude qb, um telhado de colmo parido e um pequeno facho de palha, onde me deito, apenas para ouvir a chuva e ver estas pequenas labaredas que, timidamente, dançam embrulhadas com o vento já depois de me aquecerem o café, com que aqueço o corpo e, a caneca, me aquece as mãos. Pouco há a mais além de mim mesmo, do que transpor mundos e vidas num só segundo, como se nunca tivesse o mundo feito de si mesmo uma pequena bola colorida, pelos olhos de uma história, a mesma que nunca escreverei, porque a vivo.
Corre-me por entre os pingos as vidas que teimo em viver, dos sonhos às promessas que anoitecem antes da lua nascer, voltados os sorrisos e as mãos que tocam, indelével, dedos sem dono como perdidos que estão sem o saber a liberdade e o abandono. Ainda que não o vejam, olhos, há mais mundos entre as palavras que de si soluçam, operando produtos entre somas num misto de resultados proibidos onde o quociente quer que comas...
Alegrava-se de mãos a abanar a pobreza que encontrava numa esquina rombuda, sentado, o cansaço, esmorecia de tão vil existência por um leito cheio de sonhos e um olhar prenhe da última palavra aguda, enquanto resmungava esfomeada a avareza "não quero cá alegrias à minha mesa!"