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A mostrar mensagens de julho, 2005

Adeus

Sorri para mim, é esse raio de luz radial ou meus olhos vêm apenas o que a imaginação florida sente? Serpenteia entre fotões, sê da vida um errante destino que me sacode e cega a imaginação com agrestes arpões! Vai, segue um rumo que descrevo na areia, a espuma negra das lágrimas sórdidas é má, sabe a fel, tolda o barro sujo com que te construí e cospe no caminho. Deixa que esta dor lentamente me eleve ao solo e faça deste aperto no peito um pingo de mel. Desapareces distante e eu longe de mim permaneço. Nas ondulações gigantes do sorrir vago e profundo não sei se morro ou adormeço. Agora Se me pudessem ver neste momento, onde a sombra da caneta escurece e as letras são todas iguais... Toda a palavra é um tormento, um profundo rasgar de emoções em platina para que seja real, sincero, este pequeno barco de papel. As rugas reflectem apenas ar, são apêndices da idade, repercutissem elas a saudade, a ânsia de a mim chegar então saberia o poema, ou a t

À sombra do prólogo

À sombra do prólogo A sombra do desconhecido Que contra sentido és tu que me isolas da vida nunca saboreada? Podes sorrir numa área a jusante do medo circunscrita de fogo brando, deixo-te ser o pesadelo que me devora cru insensatamente de uma flor amada, sussurra-me ao olhar, quem és tu segredo? Cobres-me de serena loucura, no vento que me beija arremessando-me em paredes de destino irreal e travos de pesadelo numa lenta tortura, rende-te ao som da brisa que embala o dormir e saúda os pássaros em pinhais de clara escuridão, não deixes nunca que o meu sonho deixe de sorrir... Nas verdades do destino onde os traços que se perdem são migalhas, há um rumo que aguarda pelos serenos cantos. Que ilusão me prende a ideais terrenos? Quem se revela quando fecho os olhos? As luzes que chamam por mim encantam e desvendam a noite, são o claro acordar ou fruto de meus sonhos? Não deixes que se abatam em mim o desânimo do audível amordaçar e a tristeza que teima em a

Tanto o que queria...

Tanto o que queria... Queria estar convosco sem pensar na despedida, saborear cada toque e olhar com amizade, amor, sem render a minha mão à saudade. Queria que todos poemas fossem música, melodias que ouvissem e palpassem de olhos fechados, tocados por mãos invisíveis que em teclas incolores bailam sensíveis. Queria que não acabassem, que fossem mais uma rima no poema da minha vida... Há quanto tempo vos espero, quanta vida me tocou e voou porque eu vos aguardava, quantos anos e sonhos ou desencontros com o futuro eu deixei que me mordessem, quantos... Queria esses olhares vagos apenas para mim, as vossas mãos os sorrisos, esses braços abertos que se estendem para lá do fim, como queria... Queria ver além do amanhã, virar a página do bailar na multidão, sentar-me no chão e chamar por ti, irmã, irmão... Queria que não terminasse este poema, não voltasse à vida efémera e fugaz, sequência de pleonasmos, não fosse sequiosa devoradora de son

Três tristes filhos do Alvão

(I) Sento-me. Espero que os meus olhos vislumbrem um pouco mais esta paisagem. Enquanto o vento suaviza o calor e esta mão, vazia, tenta em palavras atenuar a dor, esta parte de mim descansa. Ouço ao longe alguém, uma voz que em silêncio me chama e seduz, oscilando uma foice com olhares que inflamam e um rosto escondido por um capuz. Atiça-se a água ou lume que incendeia e apaga de uma só vez a mágoa, o queixume da vida, que sofregamente me agarra... (II) Queria ser mais que poesia, agarrar o vento que fustiga e clamar, antes que nasça o dia sobre a noite, este sabor a vida a que chamam de maresia... Queria que os meus braços se abrissem, em ângulo tal que os amigos, mesmo não sabendo, no meu coração em mim morassem. Queria que as palavras não fossem apenas minhas, que não as tivesse que falar e tratar, que não fossem como eu sozinhas... (III) As sombras projectam-se no horizonte, ao longo do olhar em que repousam vadios sentimentos,

O sorriso no olhar

Quando no escuro brilharam pela primeira vez, teus olhos sorriram. Escalando este muro e estocando ao de leve a altivez, teus olhos sorriram. Sorriram apenas como se me abraçassem, viessem de longe, distassem ao meu sonho mil veredas e seria eu cansaço na noite, nas estrelas. Mas eu sou abraço, elo algures de uma corrente imaginária e longínqua, que une os fios invisíveis dos corpos que possuo, um etéreo e navegante o outro peso, errante... E o escuro torna como serpente, como sempre, traz este esmaecer que me adorna quando me divido em gente, e ausente. E esta brisa ou sonhar que te embala o sorrir, é mais que um soluçar ou prenuncio do que há-de vir, é a recordação efémera do que é teu destino, o infinito... Quando teus olhos sorrirem, fecharem, e na alma a felicidade nascer, não é cansaço do tempo ido sou apenas eu, que tenta sussurrar, no teu ouvido... Meus olhos sorriem...

A new world

"O universo não é exactamente como julgastes que fosse. O melhor será alterar aquilo em que acreditais. Porque o universo, esse, certamente não o podereis alterar" Isaac Asimov

Quase nada

Antes de me deitar escrevo. Nem sempre poesia. Nem sempre palavras. Nalgumas ocasiões fico deitado a falar, não sozinho, para o escuro, sobre o dia, as pessoas, tudo. Noutras ocasiões peço-me que escreva, coisas que por vezes não são minhas, apenas a caligrafia. Acaba por ser uma surpresa no dia seguinte, ler o que escrevi. Acho que é assim que liberto dos pecados alguns perdidos da vida, quase como eu. Mas mesmo esses perdidos são mais sinceros, têm mais ética, mais cosmoética que muitos outros que conheço. Vou-me à vida, a esta coisa passageira. Se me vires por aí perdido, chama-me, porque nessa altura já perdi o rumo dos vossos olhares. Quase nada Sorrio até à próxima lágrima, até o teu olhar me recordar que existe mais que esta vida. Quando surgir novamente pintado de alegria seguirei rumo à insensatez. ancorando apenas por momentos no sorriso que nasce (ou morre?) nos lábios da vida. Ao virar da esquina onde dorme um sentimento, um dedo bastará para que sint

Cansaço

Estou cansado de chorar, de sorrir para não esmaecer, cansado de lutar e desfalecer quando me encontro sozinho, com ninguém em mim, vazio... Estou cansado do cansaço, do lento entorpecer dos dedos, dos olhares turvos longínquos que respiram do medo.