Paz
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“Paz”, a minha Crónica do Nada no Correio do Porto e que também pode ser lida clicando aqui . A manhã vai cedo ainda, tal como estas linhas. Temo não me chegar diuturnidade, nem vida, para poder esculpir todas as palavras que me brotam do granítico silêncio a que me voto. Estacionado contra a mão na margem esquerda do Douro, quase consigo ouvir Egas Moniz a gritar ao catraio Afonso Henriques “não vás por aí, ainda resvalas e lá se vai a nação” e de seguida no desabafo “a criançada não tem noção”. Apenas um pai tem o condão de telefonar e, timidamente, rematar “só se puderes, eu compreendo, não te sintas na obrigação, não te prendas por mim”. Nada mais nos ata à vida como o amor de quem telefona e liberta com um “tens a tua vida”. Claro que tenho. E a minha vida é Tua. Absorto, vejo ao longe no litoral uma neblina cinzenta assemelhada a um lençol puído. Peço silenciosamente ao Artesão destas paisagens, para o estender até o interior e abafar os jorros de fogo e como transformam o mundo