Papagaio de poemas

Saio fora do escritório, noto pela primeira vez que está um vento mais forte do que o usual.
Habituo-me às condições atmosféricas pouco usuais para a época, principalmente quando a temperatura é mais baixa que o normal (eu e o frio...).
Entro novamente no escritório, tinha-me esquecido do caderno onde escrevo alguns poemas. Ao ver-me entrar, o caderno entra em sobressalto, sabe que vou levá-lo comigo, agita-se tentando abrir-se sozinho. Pego nele e encosto-o a mim, acaricio-o, percorro os poucos metros até à porta e pouso-o na palma da minha mão. O vento abre-o e folheia-o, as folhas soltam-se do caderno e juntam-se no ar, formam um aglomerado de poemas, as rimas rimam-se e agarram-se às virgulas, os pontos-finais, em minoria face às reticências, unem-se e formam um desenho, um coração alado.
O vento pegou nele com carinho, ergueu-o e convidou-me a voar...
Segui pelo céu, a princípio com medo, os pés sentiram a liberdade das nuvens e eu nem me atrevi a abrir os olhos, porque é quando os sonhos nos fazem voar, que as mais belas imagens se gravam na palma das mãos.

Comentários

Chellot disse…
De tão belo senti uma tranqüilidade como há muito não sentia.

Beijos de aventura.
Silvia Madureira disse…
Oi:

Este texto parece uma história de embalar daquelas que se contam às crianças antes de adormecerem! E existem histórias mais bonitas do que essas? Histórias onde tudo pode acontecer, onde a magia faz brilhar os olhos das crianças e onde nos sentimos satisfeitos...porque fizemos a serenidade de uma criança.

Um abraço
Serenidade disse…
É tão bom voar nas asas das tuas bonitas viagens:)

Serenos sorrisos
Anónimo disse…
Completamente...
E como é bom voar!
E ainda mais quando rodeado de sonhos transformados em palavras....

um beijo =^.^=
Ivy disse…
Ah!Miguel, um caderno nas mãos é sempre poesia, sentimento...Não desgrudo do meu também!
A tua poesia? Maravilhosa... Envolve-me sempre.Lindo! Parabéns.

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