Declama dor
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“Declama dor”, mais uma crónica do Nada no Correio do Porto . As luzes diluem-se no palco escorregando ao longo das paredes alvas, pousando na ansiedade arfante do peito errante, antes de se esbaterem languidamente no chão do auditório. O burburinho anterior da plateia alheia-se e dá agora voz ao silêncio, a expectativa de um olhar ao lado mais luminoso de um sorriso que, por detrás da cortina, ultima a deformação da pessoa para vestir a personagem. Notas soltas de um piano preso à mão do compositor, pincelam a noite eterna da alma numa toada amordaçadora que, no condão de sublimar, acalma. Caminha, paulatinamente, sibilar, carregando nas mãos as folhas virgens de um papel que não seu, a figura de quem se deixa vestir assexuadamente pelo intérprete, urdindo na sua sombra a realidade como figurante, quase a doer, saltando de banco em banco no público, quem sabe, assim exposto, se faça o privado, tal como o actor, amado? Há em toda a encenação um prenúncio de rogo, versos rasgados à pe