Livros do que somos
Crónica de domingo, na Bird Magazine . Faço-me de conta, sentado, banco de madeira, jardim, chuva, guarda-chuva, caderno, caneta, gotejar, pássaros, árvores, livro. Roubo à vida todos os episódios dos filmes com que me cruzo. Mais do que um guião, as pessoas, suas expressões, sorrisos, choros, conversas e silêncio são a sua própria legenda. Eu (coitadito, diz a cigarra), apenas queria ser espécie de personagem, talvez por isso me encontre enfiado no meio de páginas amarelecidas de livros antigos, saído, talvez fugido, de histórias onde moram pessoas, gentes embebidas em fumo e que me acompanham onde quer que a imaginação me queira levar. Cada narrativa uma vida, provavelmente por isso não me saiam dos dedos histórias, apenas palavras solitárias, casulos de uns quaisquer sentimentos que, acredito, raiam o toque que se quer do amor, Amor. O Inverno acabou de sair , mas ainda me traz no frio o refúgio escrito na lombada do livro que me olha. Que pena não me sobejar ambição quanta ...