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A mostrar mensagens de setembro, 2011
Voto-me à simplicidade perante as alternativas eleitorais.  Ao vapor de um chá de limonete.  Ao cheiro a café quente.  À sopa fumegante.  Às memórias que me recordam, quando me esqueço, que do lado de me, há um outro te.  Inebriante o prazer de me deitar no horizonte, apenas para saber a que sabe a castidade de uma paisagem.
A liberdade habita-me na ideia de ser livre, não na confluência dos semáforos, sob a abóbada de letras díspares propositadamente ou dos medos dos caminhos desconfortáveis. Livre.
Não pelo Sol, que me atormenta o dia, mas pela luz que se esvai, como pérolas a porcos fajutos, sem que se acorrentem os mais e se soltem os menos, para que no vazio, no nada, se desprendam as coloniais faces e se descubram, ao dia, aquilo que cada um é sem saber ser.
Eis a vida, breve, solene, como quem chama por alguém que se ouve sem se escutar.  Sobrevivendo, nem se sabe que se vive por um punhado de ar, que omite e desleixa o mais incauto momento.  Eis a vida, ouçam, porque quando escutarem, será cunhado a punho o ar que sobreviveu.  Breve.  Solene.
É sem grande dificuldade que me vejo com este sol, este vento, à sobra de uma oliveira, de um plátano, por baixo de uma videira, encostado a um penedo mal amanhado, com os momentos todos de vida debaixo do braço, enquanto aguardo que a noite vá trepando horizonte acima até se fazer noite.
Há certas coisas que faço que, se não soubesse que tinha sido eu, diria que tinha sido feito por alguém inteligente. goofing my self .
Acordo com cores da cor de Outono, com as manhãs cor de Primavera e as tardes de um Verão que, vá lá, consigo tolerar. Um dia de chuva e sonho com o Inverno, como quem acorda para um arco-íris. Vivo as estações todas num momento. Sabe-me bem.
Descobri que o céu é azul, mas pode ser de qualquer outra matiz, desde que as nuvens se deixem pastar por mim, recolhendo aqui e além a cor do que aos céus ascende.
Ainda não saí do escritório hoje, desde que aqui entrei. A porta aberta permite-me ver apenas a porta do escritório em frente. Valem-me as nuvens que vão entrando e trazendo casas de xisto, telhados a fumegar, o sino das capelas espalhadas pelos montes e, de vez em quando, uma outra outra ovelhita que espreita e foge assustada, nem eu nem ela percebemos o que anda aqui a a fazer.
A caminho do trabalho, manhã, fresca como se pede, o Sol levanta-se no meu espelho e eu imagino-me lá por cima, vê-lo romper a neblina enquanto o sino da igreja o saúda com o rebate de Pronúncia do Norte e eu, com as mãos na chávena quente e o fumo do café como olhar, adormeço.
De quadro em quadro, a paisagem vai-se pintando enquanto a vejo, seria mais maravilhoso, se não fizesse de mim a moldura.