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A mostrar mensagens de setembro, 2014
Ao adormecer não fechei os olhos. Ficaram acordados para verem a claridade que se desdobra na obscuridade da noite caída há muito. Talvez assim me concedam crédito quando lhes falo dos reinos que vi quando eles dormiam, fechados. Felizmente são cegos, dizem, para poderem decifrar a seu bel prazer os impulsos que lhes chegam dos parcos espectros que visualizamos. Mais cego não é aquele que não quer ver, mas o que não sabe que vê.
Terminam as noites de se aclamarem para estenderem, de imediato, a grande lona esburacada onde me protejo das chuvas civis. Não quis letras, mas elas descem pelo espaço entre eu e tu.
Cada gota um rio, cada nuvem o mar. Eu sou feito de inverno, durmo sobre o dia, não me peçam para acordar.
Aninho-me em torno de mim mesmo, puxo o cobertor e espero que me aqueça enquanto a chuva vai caindo timidamente, uma gota aqui, outra ali. O vento traz novas de Outono, nuvens pintadas de cinzento e azul, um caderno, um uivo e um desejo realizado. Que bom o presente de ontem ser hoje passado.
A noite é noite apenas para ver nascer o dia e para que tu amanheças.