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A mostrar mensagens de fevereiro, 2010
Ainda não sei se chove. Apenas ouço o baralhar da rádio. Sem qualquer mecanismo de identificação (que não seja levantar o rabiosque) do tempo que faz, o que fazia sei-o, presencialmente, o que fará acabarei por saber, deixo-me levar pelo guarda-chuva e preparo-me para ir salpicar a chuva com um pouco da minha imaginação. É que a rua pode até ser de asfalto, mas os meus pés calcam é terra, monte, pastos e ainda que seco, deixo-me levar pelo molhado das plantas que me encharcam a alma até ao joelho.
Faz-me lembrar de ti... Como se te esquecesse e, sem me aperceber, nascesses de novo em mim, no olhar.
A pensar, o que faz de nós próprios aquilo que somos? Para mim, agora, uma tijela de sopa quente, home made, o Sol a bater nos vidros, olhos fechados, com o caderno cheio de ideias que nunca escrevi e uma felicidade que brilha, mesmo sem a ver.
Há qualquer coisa de mágico num cão sozinho, numa rotunda, fugindo dos faróis dos carros, farejando um chão desconhecido. Há qualquer coisa de mágico num bocado de monte com eucaliptos e pinheiros, fumo pelo chão e o Sol a brilhar no chão encharcado. Há qualquer coisa de mágico, que já se foi.
Há um mundo no meu mundo onde habita o que não sou, o olhar latejante que minha mão procurou, onde me cais no destino incerto na viagem que findou, és tu porto, ancoragem, um corpo ausente na saudade que não vem.
Há dias assim, em que dói indefinidamente, como se viesse dos confins de algo que não se conhece e nos apanha surpresos.
Há qualquer coisa de mágico no desembrulhar de um lanche... no verter um pouco de chã quente... falta-me a beira da estrada e o cheiro a erva cortada, o barulho de um riacho e o Sol tímido por entre as folhas de um plátano. Estou no lado errado da estrada...