Arraial

"Arraial", para ler no Correio do Porto , na secção "Crónicas do Nada". Fora do silêncio, tudo parece ficar para trás, com excepção do verdadeiro, pois não há memória de mentira que nos adiante o passo, além da falácia de sermos mais uns do que outros. Ou menos. Que não iguais. Com o avançar da idade, a estrada à nossa frente parece enrugar-se e recuar num destino que, apesar de cada vez mais perto, esconde-se atrás de cada novo sonho urdido. Ao presente que nos presenteia a existência, acometem-se as sonoridades de tempos em que os arraiais eram menos fartos em néon. Na avenida cortada ao trânsito automóvel, transeuntes de vestes humanas passeiam-se desnudos, gastos e menos gastos na vida. Uma matilha de cães de peluche, num irritante estridente ladrar metálico, mexem automaticamente as pequenas patas desarticuladas numa corrida desenfreada sem sair do lugar (ou a tecnologia a imitar a humanidade). Ao fundo da rua cortada longitudinalmente pelo canteiro central ...