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A mostrar mensagens de julho, 2013

e(mar)anhado

Passei por ti, quase não te via pelo emaranhado dos meus pensamentos, é entre os passos de ontem até ali que cinjo a vida aos breves inaudíveis momentos e te encontro no olhar de um desconhecido, sabes, não sabes?, que te levo sempre comigo...

Ateízado

Acabo de saber, pelo tempo, que vai longe ele mesmo.  Acredito que se tenha ateízado e desistido de acreditar em nós.  É-me fácil imagina-lo em cima de uma oliveira, olhando distraído para os dias que conta num rosário de caroços, sem saber que a sua crença num propósito maior sobeja pela metade do que lhe falta.  Faltamo-nos uns aos outros, sem agressões, que de arbitrariedade estamos nós mal servidos, mesmo sem palavras, daquelas que não sei articular. Sim, acho que o tempo, sempre ele, se moveu e deixou esbater acima do xyz, para ver o que faríamos nós, ou Nós, se nos soubéssemos eternos.  Começando pela singularidade, só se nos arrancassem à dentada o ego poderíamos ser próprios, não propriedade.  E terminando na pluralidade, só se nos pintássemos de cegueira, nos queimassem os odores com os grilhões em brasa, para que não nos víssemos, cheirássemos e assim podássemos os ramos e partidos, para sermos cada um e o outro. Folgo saber que não estou só, alguém se sabe que

Colmeal

Vem escuro, céu, gente, pela madrugada acima até alcançar os colmeais onde passo as minhas noites, aquecido pelo sabor da terra, que dá liberdade às suas raízes.

aba(fada)

O sal continua a temperar uma estação, a estiva desenrola-se transpirando uma tarde abafada, vazio este estio verão de gente rica que se veste de nada.

Traz os montes (para aqui)

Há uma certa cumplicidade entre o que somos e o que vemos.  Como se todo o caminho poeirento se engalanasse para receber novos olhares.  Não pela pedra de onde brotam casas ou castas, mas pelo restolhar do vento nas vinhas e pela terra que se levanta em forma de pó e faz sentir, a cada golfada de ar quente, que em Trás-os-Montes nenhum ser está só.

M(atad)ouro

Pela calada da noite, enquanto dormes, apoderam-se de todo o vazio que possuis para te possuírem.  Entram pelos olhos, sem que os vejas.  Pensas pensar, mas de ti apenas o eco vago do circo, do pão, de uma vida inteira que te passa a correr para te vestir de ouro, quando na verdade te guiam pelo matadouro.

Auguro

É da simplicidade o grito, despir as vidas pelo suor do não vivido, sonhar caminho e percorrer o olhar que omito saciar a sede sem nunca ter bebido. É por te saber futuro que tenho saudade, escrever na ponta do que auguro as sombras matinais na cidade, celibatário, o fértil e arenoso cimento percorre feliz os dias dos adormecidos, cantando ao vento ventos já idos e assim, todos os dias, a sua verdade à vida atira sem saber que a cada inspiração desfalece porque a verdade que inala é mentira.

Mundo...

O mundo parece ser um mar de números e contas, de ratings e taxas, de macambuziadisses e egoismitismo. Que bom não saber nadar nestas águas.