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A mostrar mensagens de março, 2007

Spring tales

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Há coisas que faço todo o ano, mas apenas reparo nelas na Primavera, têm uma magia que aflora apenas com o pólen verde que os pinheiros deixam. As manhãs frias trazem orvalho, local de namoro entre a noite e o pó verde que voa nestas alturas. O meu pai apanha-me em casa e vem, com aquela cara de meu pai, cabeça baixa, corpo novo para a idade que tem e pergunta: "vais estar em casa?" Eu rio-me, "já estou em casa". Enquanto não digo mais nada ele fica calado, até eu perguntar "queres que vá a algum lado?" e aí ele fala, lentamente "se me fosses buscar umas placas..." e eu, que até nem me apetece, vou. E revivo, nestes momentos, coisas que só afloram nesta altura, como as flores, talvez por ser Primavera. Deixo o computador ligado, como sempre, mudo o estado do messenger, digo "até já" a quem quer que estivesse a falar comigo e saio. A Farrusca fica sempre a olhar para mim, com olhar de perguntar e eu, em tom de desafio, simulo o movime

Circle of love

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O que fazemos

Para quem conhece o filme " Contacto " e sentiu o mesmo impacto que eu, sabe do que falo... Para quem nunca viu, aconselho ver e depois ler o livro homónimo do Carl Sagan ... A determinada altura, David Drumlin ( Tom Skerritt ) tem um diálogo com Ellie Arroway ( Jodie Foster ) que, para mim, exprime bastante o estado actual do mundo ou da humanidade. O filme foca em parte algumas personagens reais, que fazem parte do projecto SETI . " Ellie, sei que deve achar tudo isto muito injusto. Para não dizer mais. O que não sabe é... que estou de acordo... Oxalá o mundo fosse mais justo e recompensasse o idealismo que manifestou, em vez de o explorarem... Infelizmente o mundo não é assim... " (David Drumlin) " Que engraçado! Sempre julguei que o mundo era o que fazíamos dele... " (Ellie)

Singularidade vs Pluralidade

Procurar e viver a singularidade é fonte de dualidade.  Não há poema, crónica ou conto que me permita exprimir o assombro e o espanto, o desespero e o êxtase de viver, de sentir, de permitir procurar-me e encontrar-me, para me perder em seguida e descobrir-me agora ou ao virar desta página, amanhã ao espelho ou após vidas no olhar de outra pessoa que não eu. Neste encolher de ombros, que é a vírgula no conto de uma vida, fica a pairar a incapacidade de narrar o que as palavras ainda não sabem ler e o sorriso de um breve instante que dura apenas a distância que vai da primeira linha desta folha até o momento em que paro, levanto a caneta e sorrio para a mão que a sustenta.

Back to the Future

Depois de olhar por entre os dedos e ver o futuro, longínquo e dependente ainda de passos vagarosos e firmes, torna-se difícil acordar e respirar a neblina que arde nos olhos.

Rain man... away

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Era capaz de ficar para sempre a ouvir a chuva cair no telhado, com os olhos fechados, tremendo até que a roupa secasse no corpo com a ajuda de uma lareira e sentindo, arrepiado, as gotas que caíam do cabelo molhado. Eu e a chuva.  Dá-me conforto os dias de chuva e vento, como hoje, talvez de forma egoísta, aceito, porque muitas e muitas pessoas não têm abrigo. Era capaz de ficar sempre feliz, sem me submeter ao que chamam de vida e aos seus caprichos, aos seus ventos de agoiro que trazem na lapela sorrisos falsos. Era capaz de ser capaz de sorrir quando me dessem palmadinhas nas costas depois de eu contar um sonho absurdo de realização pessoal. Era capaz de ficar a olhar despreocupado à injustiça que varre a humanidade de uma ponta à outra da sua divisão maior, a sinceridade. Tantas e tantas coisas que eu era capaz de ser e fazer, mas que não faço, porque nem sempre chove, nem sempre tenho alpendres e ventos uivantes, nem sempre me pedem carinho os animais com que me cruzo, ne

Poemas

A Miosotis comentou, há pouco tempo, que era a primeira vez que se lembrava de ver poesia neste blog... Pois... Há mais, muito mais, neste blog e em cadernos vários, fragmentados em cadeias de bits e bytes... Curiosamente talvez por ser, na maior parte das vezes, pessoa de poucas falas gosto de escrever poesia... Ou algo parecido... Gosto de deixar as palavras suspensas, paradas numa encruzilhada de uma qualquer estrada de montanha, para que quem lê possa levá-las em qualquer sentido e direcção... Também já deixei por aqui ensaios para contos desconexos, que têm um sequência apenas porque os escrevi sequentemente e não consecutivamente... Estes ficam antes dos poemas porque são menos: (I) O chapéu (II) O Carteiro (III) A estrela Deixo links para alguns poemas que estão neste blog (pelo menos até 14 de Setembro de 2005 ) Cold night blues Caronte's sons Das palavras que vibram Esquecimento Porque não sou Rugas do dia Respirar Em olhos de sonhar Suspiros na noite