Musical(mente)
Crónica de Domingo na Bird Maganize . Fico parado, atrás do cortinado, a ver a luminosidade que se vai espreguiçando entre sombras. Os paralelos da rua parecem pequenas teclas de piano, sombreadas pelos vários pés que os pisam sem se aperceberem da música que carregam. Crianças fazem música por elas próprias sem grande necessidades de perceber que é Outono e que as folhas caem, como as pessoas, porque o seu ciclo se soltou das amaras de uma existência pré concebida. Um pouco como as palavras, que se vão moldando e caindo, desacordadamente ortografias que se movimentam por entre interessados indivíduos que se estimulam ao esquecimento. Creio que história evolucionária não permitirá que no nosso ADN se eternize a avareza, no entanto, parece ser, nos dias correntes, a louca tendência do consumismo uma forte componente oncológica da nossa condição de doentes. Talvez seja agora o espectro, o infra humano, a desarmonia de uma sinfonia por não nos sabermos notas musicais ...