Domingo num dia chuvoso
in Bird Magazine.
Vou passando por aqui, paro, olho, leio, penso e vou embora. As palavras ainda não estão maduras ou, talvez, eu esteja muito verde ainda.
Valha-me este tempo cinzento, a chuva, os eucaliptos a dançarem à minha frente. Há um fascínio neste tempo, sinto-me calmo, mais calmo, com vontade de abraçar sonhos. Ser pastor, trabalhar a terra, escrever e saborear uma chávena de café quente com um pouco de boroa.
Por vezes é como se vivesse duas vidas, uma consciente do que sou e outra sendo o que insconscientemente todos somos, pessoas. Pergunto-me, várias vezes, o porquê e fico contente com a minha resposta: porque sim. Poderia despoletar uma dissertação esquisotérica sobre o que andamos cá a fazer, de onde vimos, para onde vamos, etc., mas, na verdade, estes discursos cansam um pouco. Não porque sejam fúteis, mas porque não conduzem a lado algum, são círculos e não espirais, não libertam, criam dependências, gurulatrias, aglutinam energias e, acima de tudo, são discursos culturais, variando de local para local.
Estamos tão habituados e condicionados a sermos descendentes de algo e a caminharmos para um destino, que nem pensamos que não somos nada.
Estamos habituados a uns serem melhores que outros, maiores que outros e isso leva-nos a colocar-nos em comparação com tudo e todos.
Partilhamos o mesmo pedaço de terra, no entanto criamos fronteiras, conflitos, não sabemos viver em comunidade, somos capazes de sonhar tão alto e de construir pesadelos cada vez maiores...
Deixo-me suspirar, continuo sentado no muro, com as mãos apoiadas no musgo, a balançar as pernas e a olhar em frente. No meio de este barulho. Pessoas em viagens sem destino, correrias para fugir do cansaço, hipotéticas espiritualidades amparadoras.
Acho que a nossa maior conquista nesta batalha é sermos nós próprios, sem demagogias ou falsas ideologias, apenas sendo. Sinto-me bem assim, quase sem nada, não sonho nem conquisto, apenas vivo e respiro.
Penso todos somos a peça do mesmo puzzle. Ou um puzzle de uma só peça.
Não temos noção da distância a nós próprios e vamos encontrando pessoas que nos mostram que a distância é menor do que pensamos.
A distância a nós mesmos depende do quanto de nós trazemos no olhar, o quanto de nós fica na paisagem, nas pessoas, nos gestos, nos abraços e o quanto de barreiras perdemos quando alguém nos olha com amizade e sinceridade.
Acho que, no fundo, todos somos felizes, mas ainda não o sabemos...
Vou passando por aqui, paro, olho, leio, penso e vou embora. As palavras ainda não estão maduras ou, talvez, eu esteja muito verde ainda.
Valha-me este tempo cinzento, a chuva, os eucaliptos a dançarem à minha frente. Há um fascínio neste tempo, sinto-me calmo, mais calmo, com vontade de abraçar sonhos. Ser pastor, trabalhar a terra, escrever e saborear uma chávena de café quente com um pouco de boroa.
Por vezes é como se vivesse duas vidas, uma consciente do que sou e outra sendo o que insconscientemente todos somos, pessoas. Pergunto-me, várias vezes, o porquê e fico contente com a minha resposta: porque sim. Poderia despoletar uma dissertação esquisotérica sobre o que andamos cá a fazer, de onde vimos, para onde vamos, etc., mas, na verdade, estes discursos cansam um pouco. Não porque sejam fúteis, mas porque não conduzem a lado algum, são círculos e não espirais, não libertam, criam dependências, gurulatrias, aglutinam energias e, acima de tudo, são discursos culturais, variando de local para local.
Estamos tão habituados e condicionados a sermos descendentes de algo e a caminharmos para um destino, que nem pensamos que não somos nada.
Estamos habituados a uns serem melhores que outros, maiores que outros e isso leva-nos a colocar-nos em comparação com tudo e todos.
Partilhamos o mesmo pedaço de terra, no entanto criamos fronteiras, conflitos, não sabemos viver em comunidade, somos capazes de sonhar tão alto e de construir pesadelos cada vez maiores...
Deixo-me suspirar, continuo sentado no muro, com as mãos apoiadas no musgo, a balançar as pernas e a olhar em frente. No meio de este barulho. Pessoas em viagens sem destino, correrias para fugir do cansaço, hipotéticas espiritualidades amparadoras.
Acho que a nossa maior conquista nesta batalha é sermos nós próprios, sem demagogias ou falsas ideologias, apenas sendo. Sinto-me bem assim, quase sem nada, não sonho nem conquisto, apenas vivo e respiro.
Penso todos somos a peça do mesmo puzzle. Ou um puzzle de uma só peça.
Não temos noção da distância a nós próprios e vamos encontrando pessoas que nos mostram que a distância é menor do que pensamos.
A distância a nós mesmos depende do quanto de nós trazemos no olhar, o quanto de nós fica na paisagem, nas pessoas, nos gestos, nos abraços e o quanto de barreiras perdemos quando alguém nos olha com amizade e sinceridade.
Acho que, no fundo, todos somos felizes, mas ainda não o sabemos...
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