A noite chove sem que me molhe. Os salpicos que se esquecem de voar catadupam-se livremente, talvez por saberem o quão breve a viagem é e o simples facto de voltarem a ser nuvem novamente. Vou amealhando sorrisos e olhares na esperança de um dia, talvez amanhã, possa liberta-los com a inocência. Já nao escuto salpicos, apenas as horas diluídas da madrugada. Como gostava de ser gota. Não, como gostava de der salpico.
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A mostrar mensagens de junho, 2014
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Nada me apraz mais que a certeza de olhar para o horizonte e saber que atrás do último passo seguir-se-á o infinito. Este infinito vai-se enchendo de palavras e frases findadas, é do efémero que nasce a lembrança pura, cristalina e porosa, apesar de sólida, que se entranha em nós e se encolhe a um canto da alma, à espera que a lembrança de um dia inocente traga à luz aquele pequeno nódulo de alegria. Correção, há algo que me apraz. Talvez mais. A possibilidade de um dia herdarmos a paixao de nós mesmos e reaprendermos a ser infinito, ainda que não vejamos o horizonte.
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Calmamente, contando as cristas das ondas e imaginando-as as nuvens do mar, acordo histórias de oceanos que separam ilhas desabitadas. Todo o penhasco aspira ser praia, sem saber que a sua beleza reside na vertigem da paisagem, no sustido susto e medo da queda ou do imaginar, imemorial, de alçar um par de asas presas e saltar sem medo ou coragem, apenas na ânsia de ser, um dia, viagem.
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Vou sobrando na imensidão que separa duas gotas de chuva num temporal. Enquanto faróis houverem, hajam luzes que se ofuscam e ajam ofuscados faróis que nos separem da maré até a árvore, cansada, decida não morrer de pé. Sabe-me já a abandono o pretérito imperfeito, não pela imperfeição, mas pela falta de objectividade que o assiste. Será amanhã o momento, as minhas mãos parecem querer chão...
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Sem nome, o desconhecido dá-se pelo chamamento da fome. Quem nunca jejoou pela verdade saciou-se holograficamente, na mentira. Sente-se a falta de sinceridade, sem dualidade, sinceridade sincera, unicidade. Sente-se a ausência de olhos onde nasçam verdades, desnudados corpos que nas vestes encontram, perdidos minúsculos acordos acordados na sonolência de um hemiciclo. Recupero juventude na nudez donde lavram já as terras trevosas.