“Artesanalmente vivido"
“Artesanalmente”, crónica de Domingo, na Bird Magazine , para ler lá ou aqui. Em todas as feiras artesanais questiono-me sobre a desprendida, livre e selvagem, porque pura, vida dos artesãos. Nestes momentos vou vivendo aquilo que não estou, como se por momentos a vida sofreasse e eu resvalasse noutra existência, minha ainda, desenrolando-se noutros sucalcos eras e locais, passados de menos e futuros de mais. Sou já eu atrás dum balcão, eu quem dorme embrulhado, o fruto do trabalho almofadadamente sob a cabeça, estômago reconfortado pela chávena metálica com café e uma fogaça ainda quente. Durmo, confortavelmente mal instalado no saco-cama, ouvindo os barulhos da noite que se transformam em canções de embalar cujo compasso apenas o grande Compositor conhece. Acordo com o raiar do dia, o caderno ainda aberto e a caneta perdida dentro do saco-cama, trocando o susto de ver um insecto a centímetros de mim pelo riso de alguém ter partilhado um sonho comigo. Levanto-me, cruzo os br...