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A mostrar mensagens de abril, 2006

Paragens na vida

É difícil encontrar momentos em que a vida pára... Tal como me parece difícil lembrar e escrever tudo o que vejo e desejo colocar neste blog... Ficam os momentos que mais me marcam, quais marcas de varicela... Um Mercedes, classe E, preto, parado à minha frente. Atrás de mim outros carros param. À esquerda um senhor, velhinho, com um chapéu ( chamo-lhe chapéu de lavrador, sem saber qual o nome que deva atribuir ) cinzento, camisa e camisola sem condizerem em termos de cor ( segundo uma famosa socialite, e outras pessoas que tais, isto é trágico ), tapadas por uma samarra ( em plena Primavera... Bem, o que protege do frio protege do calor ). O corpo curvado olha para o outro lado da estrada, onde se encontra um carro parado, com os quatro piscas ligados e uma senhora, mais nova, com olhar preocupado, estendendo o braço fora do carro em sinal de paragem. É uma curva. O Mercedes continua parado, eu também, assim como os outros atrás de mim. No outro sentido circulam vários carros, sem ...

De novo nos CTT

Imagem
Cada saída de casa, deambulando ou não pelas ruas desta vila e redondezas, proporciona-me visões de ternura e amor, carinho, medo e cansaço, todos eles enriquecedores... Fui aos CTT, posto de Paço de Sousa (nós daqui, deste lado, chamamos-lhe "Espanhóis") enviar uma carta ( comissão de festas oblige ) e enquanto esperava, uma senhora falava com a menina dos CTT ( ainda há pessoas simpáticas ), tinha recebido e aberto uma carta dirigida a uma pessoa com o mesmo nome do marido, com o mesmo lugar, mas com uma freguesia diferente. A menina disse-lhe que deveria escrever no verso do envelope algo como "abri por engano carta enviada para o mesmo lugar onde resido" e assinar o primeiro e último nome... Depois a mesma senhora pediu se podia enviar umas "coisas" para a Suíça e tirou do saco uma pequena bolsa de plástico, transparente, com alguns parafusos. "A menina pode pôr a morada? Assim vai lá parar direitinha" e ao mesmo tempo que disse isto sorriu...

Atitude

Vinha aqui, prometi a mim mesmo e a quem me ouve quando falo sozinho, apenas para colocar uma fotografia... E não consigo... Sento-me, fico com sono, a cabeça ondula um pouco (felizmente não bebo) e logo esta sala ganha vida própria. As paredes começam a agitar, como se as visse através de um aquário, ondulam, possuem a sua forma, mas menos densa. Tenho vontade de tocá-las com um dedo, para aferir se estão mesmo num estado gelatinoso ou se eu me terei enganado nas ervas do chã... Mas não, é cidreira de facto na caneca "Sailing to Philadelphia-Tour 2004-Mark Knopfler"... Permaneço assim algum tempo... Vejo o ondular das paredes, dos objectos e começo também a ondular, a sentir-me em estado gelatinoso (e não é falta de banho... Hum, talvez um pouco de banha)... Enquanto luto com a sensação de controlar o corpo físico, a necessidade de sentir que eu o domino, tudo à volta parece ganhar uma tonalidade mais clara, não brilhante ou daquele branco pregado pelos místicos, apenas ma...

Welcome to a new world!

Prometi a mim mesmo vir aqui e escrever, tenho, inclusive, algumas histórias que surgiram aquando estes dois dias "fora"... As histórias permanecem no meu pequeno caderno, tenho até uma foto tirada pela minha senhora :) e que irei postar posteriormente de moi même no próprio acto de escrever o tópico (aquilo que os olhos captam e o cérebro esquece) de uma histórinha... Ora já lá vão dois dias, mas eu até encontro desculpa para não escrever, é Páscoa e tal, amendoas e coiso... A verdade é que nem sempre é possível... Estas histórias, ou pensamentos, são tratadas como a prisão de ventre, quando vem uma vontade, pequenina que seja, toca a correr! Mas não tem sido assim... Estão guardadas, à espera que os personagens decidam vir ter comigo nos sonhos e me digam: "podes escrever"... Estava a desligar o computador, depois de fazer download dos emails, e eis que fiquei muito quieto, a olhar para o candeeiro (à minha esquerda) e a ver a parede ondular, a cadeira (que tem...

Até já

Choveram toneladas de mega bytes, traduzidos em emails, pedindo que escrevesse mais. Mas não se preocupem, a minha cabeça está a acumular ideias e histórias, paisagens e personagens. Estou ausente uns dias, mas volto. Fica a promessa de, depois, deixar de me render à preguiça da poesia e escrever em prosa(c)... Hasta ya!

Coisas inúteis... com utilidade

Para quem diz que já sabe tudo... Ou simplesmente para quem acha que esta vida não tem grande importância... Metro: comprimento do trajecto percorrido pela luz no vazio, durante um intervalo de 1/299792458 de segundo... Segundo: duração de 9192631770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de Césio 133. :)

Acordar

A noite passou já por mim três vezes, dilacerou o olhar nas arestas da vida, nas estradas vagas e molhadas parou, sentida, enquanto o atropelo do quotidiano pendia ao abismo, as mãos tocaram-se de novo fermentando na alma a sina, na pose à saudade, que nos reste além da crua vida, a dignidade... Mandou dizer-me o dia, que é tarde na noite a hora que construo à sombra de memórias não vividas, não minhas. O sorriso calou a embaixada fastidiosa de mesquinhez, rugiu e partiu, assombrado por um espelho alado e furtado às mãos da falsa pacatez. Inspiro, músculo voluntário do viver, que tentam amordaçar o olhar e silenciar o amor, dos que pensam estar eu em dor, sabem tão pouco que sou a acordar...

Algumas frases de Confúcio

Sendo alguém que nasceu há largas centenas de anos, parecem bem actuais os seus pensamentos... * Aquele que for realmente bom nunca poderá estar infeliz. * Aquele que for realmente sábio nunca poderá estar confuso. * Aquele que for realmente corajoso nunca terá medo. * O sábio não se aflige por não ser conhecido pelos homens; ele aflige-se por não conhecê-los. * Não faça aos outros aquilo que não queres que façam contigo. * Escolhe um trabalho que ames e não terás que trabalhar um único dia da tua vida. * O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros. * É mais fácil vencer um hábito hoje do que amanhã. * O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com as suas acções. * Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha. * A virtude da humanidade consiste em amar os homens; a prudência, em conhecê-los. * Aquele que mais estima o ouro do que a virtude, perderá ambos. * A única maneira de não cometer nenhum...

As últimas palavras

Há momentos que iludem o infinito, os acenos encenados com olhares furtivos exprimem-se por entre letras do que não foi dito... As últimas palavras pesaram na noite, o sono caiu sobre a lua e ofuscou o cintilar das estrelas que beijaram o universo. Que as mãos dormentes selem, aconcheguem, as frases ausentes e durmam, pois dos meus olhos pendem apenas, sozinhas, um par de lágrimas vazias...

14:16 PM

A lua, o sol, até as estrelas já partiram para fora de mim. O cheiro de terra lavrada e os cajados animados com gente simples e sadia. A comida vazia, sem condimento, à rebeldia brindaram as nuvens, há pesadelos que sobem do medo ao pensamento, tudo porque as sombras, que moram em teus olhos, sem que as vejas ou sintas, pedem-me sorrisos e esvaem-se como a madrugada.

2:16 AM

A chuva silenciou-me os pensamentos, o gotejar levou o pólen que coloria as minhas sombras, dos ventos pendem novas castas e odores, que impregnam os sentidos de gastas faces idosas na solidão de seus idos amores. Escrevo de olhos fechados, no alpendre sucumbem ruídos e crescem, por entre pedras conhecidas, vultos que buscam abrigo e corpos cansados com olhos esmaecidos que já nada sentem. O relógio, o relógio não para de tremer ao ver o tempo fugir, nem as folhas que caem ou as rugas, que também nascem, ocultarem um novo rugir. Há sons que se repetem mesmo aos ouvidos incautos dos sonhos gastos que a noite rasga ao dormir. Seriam estes olhos que se ocultam no retrato cinza? À luz de uma vela sem pavio, de uma sombra rimada a incandescer, descansa o tempo sabendo que nas minhas mãos está a adormecer...

A chuva no alpendre

Gostava de possuir algum tipo de conexão entre o cérebro e o computador... Bem, pelo menos a uma máquina de escrever... Chove bastante, coisa habitual no mês de Abril, se não estivéssemos nós em plena fase de Revolução Ambiental... Estive mais de meia hora sentado, com o computador ligado, a pensar no que iria escrever ou como iria escrever, organizar algumas coisas que tenho para dizer... Fiquei em paz comigo e com os pensamentos, porque chove e de alguma forma a chuva leva os meus pensamentos... Estava para me levantar e escrever, no entanto surgiu um velho desconhecido, com a mão aberta e, nela, algumas nuvens que pensei serem algodão doce. Perguntou-me: - Isto é seu? - enquanto estendia a mão para mim. Fiquei a olhar para ele, sem saber o que me perguntava, tão pouco sabia quem era e o que queria de mim, já para não referir que é meia-noite e que além do sono, não é habitual alguém desconhecido entrar-me pela janela, com umas bolas de algodão - ups - nuvens. - Isto, os pensam...

Sorrisos de gente simples

Já o Inverno tremia de frio quando o Sol despontou, os sorrisos aproximaram-se da palmada amiga e, unidos, preencheram o silêncio que imperava da nascente à foz do rio. Quem disse que a saudade não tem rosto temia o cair da noite, porque até estas folhas de plátano, que camuflam o cinzento de passos perdidos, sabem interiormente que, quando fecho meus olhos, a felicidade salta da vida para os meus sonhos...