Paragens na vida
É difícil encontrar momentos em que a vida pára... Tal como me parece difícil lembrar e escrever tudo o que vejo e desejo colocar neste blog... Ficam os momentos que mais me marcam, quais marcas de varicela...
Um Mercedes, classe E, preto, parado à minha frente. Atrás de mim outros carros param. À esquerda um senhor, velhinho, com um chapéu (chamo-lhe chapéu de lavrador, sem saber qual o nome que deva atribuir) cinzento, camisa e camisola sem condizerem em termos de cor (segundo uma famosa socialite, e outras pessoas que tais, isto é trágico), tapadas por uma samarra (em plena Primavera... Bem, o que protege do frio protege do calor). O corpo curvado olha para o outro lado da estrada, onde se encontra um carro parado, com os quatro piscas ligados e uma senhora, mais nova, com olhar preocupado, estendendo o braço fora do carro em sinal de paragem. É uma curva. O Mercedes continua parado, eu também, assim como os outros atrás de mim. No outro sentido circulam vários carros, sem parar, rápido, rápido, rapido. Surge depois um momento em que não há carros a circular, a senhora do outro lado acena rapidamente, em sinal de "pode vir" e o senhor, idoso, idoso, idoso, começa a atravessar a estrada e, ao passar em frente ao Mercedes, levanta um pouco o chapéu em sinal de agradecimento, enquanto que a senhora do outro lado, agradece também ao condutor... O velhinho passou a estrada, o Mercedes arrancou numa nuvem de fumo negro, enquanto eu, atónito (como é frequente), via pedaços de vida cruzarem-se e mesclarem-se, unindo-se ao mesmo tempo que a vida, que a sociedade impõe, parecia tremer e degradar-se, caindo velhos painéis que são padrões enraízados, como fachadas de edifícios que caem e deixam ver outras paredes mais ricas... Mas a vida não é arqueologia ou gestão de património, nem algo que se pareça, não se compadece.
Acho interessante quando alguém encontra um pouco de tempo para parar e saltar desta vida, vivendo.
Um Mercedes, classe E, preto, parado à minha frente. Atrás de mim outros carros param. À esquerda um senhor, velhinho, com um chapéu (chamo-lhe chapéu de lavrador, sem saber qual o nome que deva atribuir) cinzento, camisa e camisola sem condizerem em termos de cor (segundo uma famosa socialite, e outras pessoas que tais, isto é trágico), tapadas por uma samarra (em plena Primavera... Bem, o que protege do frio protege do calor). O corpo curvado olha para o outro lado da estrada, onde se encontra um carro parado, com os quatro piscas ligados e uma senhora, mais nova, com olhar preocupado, estendendo o braço fora do carro em sinal de paragem. É uma curva. O Mercedes continua parado, eu também, assim como os outros atrás de mim. No outro sentido circulam vários carros, sem parar, rápido, rápido, rapido. Surge depois um momento em que não há carros a circular, a senhora do outro lado acena rapidamente, em sinal de "pode vir" e o senhor, idoso, idoso, idoso, começa a atravessar a estrada e, ao passar em frente ao Mercedes, levanta um pouco o chapéu em sinal de agradecimento, enquanto que a senhora do outro lado, agradece também ao condutor... O velhinho passou a estrada, o Mercedes arrancou numa nuvem de fumo negro, enquanto eu, atónito (como é frequente), via pedaços de vida cruzarem-se e mesclarem-se, unindo-se ao mesmo tempo que a vida, que a sociedade impõe, parecia tremer e degradar-se, caindo velhos painéis que são padrões enraízados, como fachadas de edifícios que caem e deixam ver outras paredes mais ricas... Mas a vida não é arqueologia ou gestão de património, nem algo que se pareça, não se compadece.
Acho interessante quando alguém encontra um pouco de tempo para parar e saltar desta vida, vivendo.
Comentários
Bom blog.