Quase nada

Antes de me deitar escrevo. Nem sempre poesia. Nem sempre palavras. Nalgumas ocasiões fico deitado a falar, não sozinho, para o escuro, sobre o dia, as pessoas, tudo. Noutras ocasiões peço-me que escreva, coisas que por vezes não são minhas, apenas a caligrafia. Acaba por ser uma surpresa no dia seguinte, ler o que escrevi. Acho que é assim que liberto dos pecados alguns perdidos da vida, quase como eu. Mas mesmo esses perdidos são mais sinceros, têm mais ética, mais cosmoética que muitos outros que conheço.
Vou-me à vida, a esta coisa passageira.
Se me vires por aí perdido, chama-me, porque nessa altura já perdi o rumo dos vossos olhares.


Quase nada

Sorrio até à próxima lágrima,
até o teu olhar me recordar
que existe mais que esta vida.

Quando surgir novamente
pintado de alegria
seguirei rumo à insensatez.
ancorando apenas
por momentos
no sorriso que nasce
(ou morre?)
nos lábios da vida.

Ao virar da esquina
onde dorme um sentimento,
um dedo bastará
para que sinta eu na carne
(na alma...)
os teus inseguros passos,
os débeis sorrisos,
que frágil parece ser esse teu viver...

Não vás para longe,
porque o sorriso ausente
é mais do que eu...
E eu sou quase nada...

Raiado...

Raiado...
A sangue...
Com revolta...
Com asco...
Este verso vai durar apenas uma noite...
Aproveita...

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