É pi só dios
in Bird Magazine . Há um cão que vagueia na estrada, desatento, arfando como quem sorri ao patear o asfalto, de costas para o trânsito. Negro como a noite, dia não fosse, diria que me sorriu, o bicho. Há um Sol que se espreguiça de encontro a um muro, como que se lembrando que é quase Outono e as pedras do muro são quentes ao final da tarde. Sol, de sol em sol, até se aninhar rendido no olhar de quem se acriança. Há um sorriso de uma criança, que recorda com satisfação, de olhos fechados, o primeiro almoço na cantina da escola. Há um atirar para o restolho dos restos dos dias que vivo. Quatro vidas se vivem, em quadras que jamais escreverei. Quatro, que quatro mil, quatro milhões que fossem, que ao me atirar para esta vida, ficou de mim no lado de lá aquilo que jamais emergirá. E a vida que se atiça aos dedos, saltando, tecla em tecla, letra em letra, sem que se dissipe o nevoeiro que trouxe ao cais dos meus olhos uma palavra. Há. E isso basta-me. * Os bancos de jardim, do mundo, r...