Alguém me sabe dizer que planeta é este, por favor?
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A mostrar mensagens de abril, 2011
Páscoa
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Há ocasiões, como nestes dois últimos sábados, que volto a ser criança. Ele não me pede, fala, e eu é que peço para ir. Vou levar um móvel, uma garrafeira, uma prateleira, vou tirar medidas (na verdade vou apenas ver, segurar na fita ou no bloco), fico ali ao lado dele, com um sorriso tímido, como se ainda tivesse 10 anos. Há algo mágico, que não sei explicar, que tento escrever, mas que me deixa ainda mais frustrado, pois sei que não existem palavras. Talvez alguém que tenha/passe por algo assim ou semelhante e com melhores dotes de comunicação possa fazer, mas eu não consigo. Pegar num móvel em esforço, para depois me lembrar que tenho 35 anos, que não preciso de tanta força assim, que sou um homem. Saber para que lado virar, como pegar, como colocar os pés nos degraus, para que lado empurrar, qual a peça de ferramenta que vai precisar a seguir. É esta cumplicidade. O pouco diálogo. Cortar o silêncio com um comentário sobre futebol (do qual me desligo lentamente) ou uma nova teoria ...
(lu)Ar
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Aqui perto as nuvens chovem-me lá ao longe como o ribombar surdo de uns dias que não nascem, a cidade dissolve-se a cada Verão as paredes, ainda que vivas, são túmulos de velhos tocantes numa orquestra onde todos são solistas. Cada porta uma teia onde habitou um conto, uma história, a epopeia de um Ulisses fragmentado que se veste de memória. Nem sempre fustiga o vento, sopra, somente, à feição do soluçar que pode alimentar um lamento ou despedir-se de ti, Luar.
Uma música encomendada
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Um Sol no meu dia a nascente do que desejo Um trilho abandonado no teu beijo O amor que se entrega e devaneia à procura da nuvem que te leia… Um sorriso teu na timidez do que sou Viajas comigo nas ruas onde não estou A sombra invisível projectada no meu dia Trinado solitário de um crepúsculo de magia… refrão E os quadros que pintamos serão o céu da paixão que bailamos no liceu, Um sulco marcado pelas águas da vida que nunca morreu… Há em mim um pequeno tudo de ti Sabor de vida que ainda não vivi, Somos um segundo da eternidade futura, da canção que escrevi. O vazio preenche-me os pequenos nadas E inundam as velhas ondas nas barras O porto ancorado a um mar isolado Na ilha deserta, que se chama fado… Olhares almejados são paredes austeras Os dias e noites que me rosnam como feras, A idade faz-me velho num corpo de novo És a vida que sacia, mas que não sorvo… refrão Guardo o segredo de te saber ninguém Um passado futuro...
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Na alvorada silvestre que desconheço anseio-me ao futuro que teci, caminhando no teu ombro onde adormeço desconhecendo os dias que vivi. Ausculto as árvores cujos frutos nunca amadureci, sem raízes ou folhas, apenas vento, aos molhes, vou-me precipitando lentamente sem que me evapore a vontade de, orvalhando, nascer...