(fotografia de Norberto Valério)

A cor dos meus olhos

traja fantasia,
ostenta quadros de sonhos
e noites orfãs
de dia.


Sei-te o tom
a voz
da tua alma
o som.


Cobre-te de mim

e eu de ti

terra austera,

porque em cada ramo meu florescem rumores secos
e uma espiga
de Primavera.


Sombra
e frondosa postura,
se cabelos houvesse seria hera
e chuva mole aqui,
meu arado em terra
pura.


Que me aguarde a morte
e me tema a vida,

as minhas searas plantam a sorte

e entre mim e eu mesmo
abrigam-se ainda corpos
,
gente que se ama

de alma
despida...

Comentários

Silvia Madureira disse…
Ao ler o texto fiquei com a sensação de que o narrador do mesmo ama a vida. Ou por outras palavras aprecia cada instante que esta oferece tal como a mudança das estações...

Para além disso, é demonstrada aqui uma enorme força de vontade para viver bem a vida sem deixar que nada nos incomode...

As últimas linhas dizem muito...falam da força do amor e a frase "Que me aguarde a morte e me tema a vida" para mim foi a mais significativa...

Gostei dela...é de quem enfrenta a vida de frente, com garra, com poder...é de quem sabe que na vida existe sempre mais vida...

beijos
José Lopes disse…
Olhar de fora para dentro, com a sensibilidade à flor da pena.
Cumps
Julieta disse…
com sempre sem palavras...

beijinhos com carinho
Fantástico como sempre...
"veste-te de mim e eu de ti"...
a simplecidade pode dizer tanto...tanto em tão pouco!
Um beijo

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