Spring tales
Há coisas que faço todo o ano, mas apenas reparo nelas na Primavera, têm uma magia que aflora apenas com o pólen verde que os pinheiros deixam. As manhãs frias trazem orvalho, local de namoro entre a noite e o pó verde que voa nestas alturas. O meu pai apanha-me em casa e vem, com aquela cara de meu pai, cabeça baixa, corpo novo para a idade que tem e pergunta: "vais estar em casa?" Eu rio-me, "já estou em casa". Enquanto não digo mais nada ele fica calado, até eu perguntar "queres que vá a algum lado?" e aí ele fala, lentamente "se me fosses buscar umas placas..." e eu, que até nem me apetece, vou. E revivo, nestes momentos, coisas que só afloram nesta altura, como as flores, talvez por ser Primavera. Deixo o computador ligado, como sempre, mudo o estado do messenger, digo "até já" a quem quer que estivesse a falar comigo e saio. A Farrusca fica sempre a olhar para mim, com olhar de perguntar e eu, em tom de desafio, simulo o movime...