Deixa, deixa que pelo menos uma vez o cansaço me vença, que eu feche os olhos cansados e fundos. Deixa, deixa que meu corpo tombe à força dos arpões, que descanse as mãos e a noite seja minha cama, fria como sorrisos vagos e húmida, como as que brotam no escuro. Deixa, deixa que chore, que soluce e minha alma respire, que possa dizer, ainda que unicamente, “estou tão cansado…” Deixa, deixa que sobre os meus ombros não pesem as pedras perdidas da vida e dos sorrisos, que carrego em mim para que outros não esmaeçam. Deixa, deixa-me sentir uma vez mais as estrelas, sentir-lhes o cheiro doce e o calor que aconchega a saudade, que tão longe me traz o Amor. Deixa, deixa-me prostrar, esmorecer, sussurrar a medo para que os vultos não me ouçam, segurar a cabeça na parede fria e áspera, raspar uns traços de tinta no papel, adormecer aos poucos como a neblina das manhãs de Verão, olhar o Sol que mais um dia no meu infinito impera e sorrir, sorrir po...