Os candeeiros despertavam do seu descanso diurno. A hora exacta, era vê-los acordarem, piscando os olhos, e depois começarem a ver, primeiro lentamente, semicerrados, como que se habituando ao crepúsculo. Tinham mau feitio, tal como muitos de nós quando acordam, e enquanto não os via brilhar com todo o seu vigor ninguém falava com eles, nem entre eles mesmos. A rua possuía um fascínio estranho, encantador. Longe dos caminhos de aldeia, orlados por muros de pedra e musgo, suportados aqui e além por um pastor que, encostado ao muro, com a perna flectida e o pé apoiado no muro, resguardado do frio pelo seu capote de palha e as melenas comprimidas pela boina, velha, quase sempre castanha, comia uma bucha e bebia um gole de vinho. Das ruas que galgou, nenhuma era como esta, pacata, inclinada, com um piso regular de alcatrão. Não se vislumbravam casas, era apenas uma estrada, no meio de algures, com muros altos e baixos, que indicavam diferentes propriedades, diferentes proprietários. A au...