Teu pai, teu filho

Podia tentar,
cantar
e escrever a cor das folhas
no Outono,
festejar a vida em mim
que são teus olhos a sorrir,
quando o teu esgar ilumina a vida
e faz de um pequeno bolo velho e seco
um imenso festim.

Se estas lágrimas não teimasse em nascer
e vir, a esta folha de papel
ver-me a escrever
o teu sorriso,
as fitas e o serrim,
queria ser como tu,
mas não consigo…

Quando eras um gigante
eu escondia-me aos pés de sonhos que não sabia ainda possuir,
as letras e os cubos,
a música bailando
ainda espera que eu cante.

Viajavas sobre um trovão,
uma flecha negra que mesmo parada
me fazia voar,
percorria cenários só meus
e a ninguém levantando a mão,
galgava montes e veredas com erva molhada,
parecia que nunca iria acabar…

A flecha negra parou
e tu continuas viajando
em passadas largas sobre a neve,
em corridas curtas por entre fetos e mato…

Como te escrever…
Se palavras existem que definam admiração
eu não sei, não conheço,
tento banhar estas linhas com a minha mão
e acariciar o vento que passa,
mas o sentimento que me ultrapassa
vai já além das emoções que perfilho
e é fora da vida que alcanço
o sentimento de ser teu pai
e teu filho…

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