Adormeço
Toldado por um inerte pesadelo
o Sol prostra-se aos pés da vida,
vai longe o sonho de infinito,
esmagado por um velho martelo
escorre pela frente granítica escanzelada,
não,
isto não é saída…
A Lua lançou-lhe a mão,
que de fria e nocturna
era pálido como o medo,
que o medo tem de mim.
Saboreava o travo agridoce da melancolia
que o Sol, deitado, vendido, sumia
enquanto uns frágeis raios de nada
iluminavam o rosto de ninguém…
Ser vida não vivida
é fugir,
espezinhar a morte
que adormece à espera,
talvez de alguém
que só a vida sabe que não vem…
Apoiou-se no orvalho
que acordou cansado e lamurioso,
mas à falta de um ombro
saltou-se a tristeza
testemunhada pela Lua furtiva…
Hão-de haver outros poemas,
talvez nascidos ainda mais fundos,
escondidos nos aromas de alecrim
que são apenas e só,
(tão só)
a palavra que teima em sair dentro de mim…
E eu que te lavo com aspereza,
um pouco de alegria,
um pouco de tristeza,
fito ao perto a neblina
que se aproxima,
estendendo a mão vazia
e os olhos de quem se foi,
convida-me a saltar de sonho em sonho
e esfaquear o pesadelo mais medonho.
Armadura ficou-ma o Sol com ela
e, escondida, riu-se de mim a Lua
à janela,
fechada pela claridade,
fustiga-me o ventre num movimento sem dor.
Sorri-me a vida
a cada olhar que respiro, dizendo:
“sabes que tens que escrever o amor…”
Adormeço…
o Sol prostra-se aos pés da vida,
vai longe o sonho de infinito,
esmagado por um velho martelo
escorre pela frente granítica escanzelada,
não,
isto não é saída…
A Lua lançou-lhe a mão,
que de fria e nocturna
era pálido como o medo,
que o medo tem de mim.
Saboreava o travo agridoce da melancolia
que o Sol, deitado, vendido, sumia
enquanto uns frágeis raios de nada
iluminavam o rosto de ninguém…
Ser vida não vivida
é fugir,
espezinhar a morte
que adormece à espera,
talvez de alguém
que só a vida sabe que não vem…
Apoiou-se no orvalho
que acordou cansado e lamurioso,
mas à falta de um ombro
saltou-se a tristeza
testemunhada pela Lua furtiva…
Hão-de haver outros poemas,
talvez nascidos ainda mais fundos,
escondidos nos aromas de alecrim
que são apenas e só,
(tão só)
a palavra que teima em sair dentro de mim…
E eu que te lavo com aspereza,
um pouco de alegria,
um pouco de tristeza,
fito ao perto a neblina
que se aproxima,
estendendo a mão vazia
e os olhos de quem se foi,
convida-me a saltar de sonho em sonho
e esfaquear o pesadelo mais medonho.
Armadura ficou-ma o Sol com ela
e, escondida, riu-se de mim a Lua
à janela,
fechada pela claridade,
fustiga-me o ventre num movimento sem dor.
Sorri-me a vida
a cada olhar que respiro, dizendo:
“sabes que tens que escrever o amor…”
Adormeço…
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