Natal ou se Deus assim me quiser
Crónica do Nada, sobre o "Natal ou se Deus assim me quiser", para ler no Correio do Porto, aqui . A porta do bar do móvel da sala abre-se, o cheiro característico emana e preenche-me o horizonte das memórias. O Natal podia ser apenas isto, abrir a porta com as suas quadrículas envidraçadas, deixando ver os pequenos panos rendados e bordados que pendem das prateleiras onde velhas tachas enferrujadas sustêm o tempo. Mas mais do que o tilintar dos copos ou da velha garrafa de rótulo personalizado, onde se degusta o valor que a mesma custou, o rendado branco apazigua-me o que me habita. Fecho a porta do bar, a televisão lamuria-se das notícias trágicas, entre uma ou outra golfada comenta-se o destino. Eis o meu desatino. O domingo, tal como a vida, segue o seu curso. Caminho na tarde curta ao encontro de um Sol tímido, espreitando, ele e eu, por entre as nuvens cinzentamente coloridas, hoje mais espartanas abrindo caminho ao frio que se precipita. Afinal é Natal e traz-me cons...