Podes entrar
"Podes entrar" na Crónica de Domingo na Bird Magazine.
Os domingos colorem-se, na ausência das vicissitudes profissionais, pessoais e existenciais, de vários sonhos que me alimentam desde que, bem, desde que me conheço.
Podes entrar.
Convido-te a afastares o portão, feito de cordas bamboleantes, que servem apenas para assinalar o local onde começa a privacidade. Construí-o há énios, entre vi(n)das e partidas, como o sítio onde começa a vi(n)da e termina a ausência.
Vais encontrar um pequeno caminho, aqui e ali com pedras toscas no chão, mas na essência feito com gravilha, cascalho e alguns pedaços de pele de crianças que se atropelam enquanto tentam voar como borboletas.
Não te sei dizer como vim aqui parar, talvez pelo cansaço e aventura.
És bem vindo(a), traz-te e também os teus sonhos.
Escolhe um local, escava um caminho, acomoda-te e faz de ti o que sabes ser, não o que te ensinaram, mas o que aprendeste.
O caminho segue por entre clareiras e para por momentos, tu, não o caminho, debaixo de carvalhos.
De noite tudo se ilumina, maravilhas da energia solar, mas essencialmente tudo reluz porque é de noite que, fechados os olhos, outros se abrem e vêm o que tudo existe.
Vais encontrar tudo o que precisas, porque nada cá tens, apenas eu, outros, abraços e responsabilidades.
Ficas cá enquanto quiseres, enquanto te sentires afim, longe de tudo e perto de todos.
O teu talento é mais um caminho e uma ponderada conta a saldar, tudo se conquista com esforço e dedicação, em troca de todo o amor que possas receber e, um dia, cansado(a) vais subir aquelas pedras, não essas, aquelas, ali, atrás de tudo, em que as urzes parecem nunca perder a cor de Miguel Torga, e vais sentir-te livre e, quem sabe, talvez também tu ilumines este mundo, estes carvalhos ou, então, te deixes subir num jogo de luzes boreais para onde já moram todos, inclusive a parte de ti que é nada.
Vais descobrir, lentamente, que a sinceridade tem pingo de suor, que o dia amanhece não pelo sol, mas por ti, que sentes a responsabilidade de seres mais que alguém e te descobres, também.
Acomoda-te, livre, onde pensas a terra ter o teu nome.
Escolhe uma árvore, senta-te e descansa, o dia será grande e o país ainda o é maior.
As ferramentas estão ali no barracão e as tuas ideias, não as que pensas, mas as que trazes no coração, são manejadas por ti, para que onde quer que lavres, nasça um fruto do que melhor sabes.
Aceito inscrições para o local de todos nós.
Só faltas tu, traz no teu silêncio a tua voz.
Sorri.
Os domingos colorem-se, na ausência das vicissitudes profissionais, pessoais e existenciais, de vários sonhos que me alimentam desde que, bem, desde que me conheço.
Podes entrar.
Convido-te a afastares o portão, feito de cordas bamboleantes, que servem apenas para assinalar o local onde começa a privacidade. Construí-o há énios, entre vi(n)das e partidas, como o sítio onde começa a vi(n)da e termina a ausência.
Vais encontrar um pequeno caminho, aqui e ali com pedras toscas no chão, mas na essência feito com gravilha, cascalho e alguns pedaços de pele de crianças que se atropelam enquanto tentam voar como borboletas.
Não te sei dizer como vim aqui parar, talvez pelo cansaço e aventura.
És bem vindo(a), traz-te e também os teus sonhos.
Escolhe um local, escava um caminho, acomoda-te e faz de ti o que sabes ser, não o que te ensinaram, mas o que aprendeste.
O caminho segue por entre clareiras e para por momentos, tu, não o caminho, debaixo de carvalhos.
De noite tudo se ilumina, maravilhas da energia solar, mas essencialmente tudo reluz porque é de noite que, fechados os olhos, outros se abrem e vêm o que tudo existe.
Vais encontrar tudo o que precisas, porque nada cá tens, apenas eu, outros, abraços e responsabilidades.
Ficas cá enquanto quiseres, enquanto te sentires afim, longe de tudo e perto de todos.
O teu talento é mais um caminho e uma ponderada conta a saldar, tudo se conquista com esforço e dedicação, em troca de todo o amor que possas receber e, um dia, cansado(a) vais subir aquelas pedras, não essas, aquelas, ali, atrás de tudo, em que as urzes parecem nunca perder a cor de Miguel Torga, e vais sentir-te livre e, quem sabe, talvez também tu ilumines este mundo, estes carvalhos ou, então, te deixes subir num jogo de luzes boreais para onde já moram todos, inclusive a parte de ti que é nada.
Vais descobrir, lentamente, que a sinceridade tem pingo de suor, que o dia amanhece não pelo sol, mas por ti, que sentes a responsabilidade de seres mais que alguém e te descobres, também.
Acomoda-te, livre, onde pensas a terra ter o teu nome.
Escolhe uma árvore, senta-te e descansa, o dia será grande e o país ainda o é maior.
As ferramentas estão ali no barracão e as tuas ideias, não as que pensas, mas as que trazes no coração, são manejadas por ti, para que onde quer que lavres, nasça um fruto do que melhor sabes.
Aceito inscrições para o local de todos nós.
Só faltas tu, traz no teu silêncio a tua voz.
Sorri.
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