Em cinzas deitado.
Crónica na Bird Magazine , a 30/07/2017. De aparição em surgimento, sem que se negue o sentimento, muito há a fazer para que da vontade se passe ao culto. No entanto, quando a vida procrastina os planos de alguém, nada mais parece haver a fazer do que subir os degraus de um santuário com maior ou menor custo. Por isso, encosto-me à parede ensombrada que o Sol permite e aprecio a paisagem como quem se enamora por um jardim. O Santuário ainda não transpira, mas eu sim. Percorro os corredores de mármore, faço por não olhar para o chão, evitando ler os nomes de quem quer que tenha sido sepultado ali. Não pela falta de respeito, sabe-se a pessoa ausente dali, mas porque ninguém, tridimensionalizado ou não, merece o seu nome lido olhando para baixo. As promessas estão enroladas em papel alvo, uns pautados, outros quadriculados, dependendo talvez da tendência linguística ou matemática de cada pedinte ou, parece-me o mais lógico, porque qualquer papel é bom para escrever num português esqu...