Vagamundo
Crónica de domingo na Bird Magazine . O corpo tem sono, mas não consigo sequer chegar perto daquele torpor morno que nos aquece, como um Sol que raia no mundo dos sonhos. Há episódios que fazem todo o sentido em épocas adequadas, como o Natal ou a Páscoa, no entanto, quando por irónico acaso do destino os mesmos se desenrolam fora dessas épocas festivamente convertidas a celebrações religiosas, os episódios transformam-se em quotidianas formas de ver diluírem-se, nas camadas invisíveis da sociedade, os vultos bem visíveis que a própria sociedade purga. Sigo em pé no autocarro, não sei se o 701 ou 703. Há lugares vagos, mas não quero sentar-me, estou bem em pé, sem vontade de ler ou sonhar, apenas encostar a cabeça ao varão e olhar para a estrada, com olhos de apenas ver, sem pensar. O autocarro para, entram várias pessoas ao som do aparelho que valida das senhas e passes de autocarro. Longe vão os tempos do tac-tac ou plim ou o mais avançado crrrrrzzztttcrrrrr, os amarelinhos ...