Segados até aos estrepes os amanhãs preocupam-se com as indumentárias dos lírios, Salomão vai nu! dizem os pássaros, sem auscultarem o grande imenso sol que nebulou emergem entre lótus sem saberem que o futuro traz um tempo que há muito acabou.
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A mostrar mensagens de setembro, 2012
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Encurralado pelo sonho deixo-me escorrer languidamente pela chuva molhando as pontas do arco-íris enquanto ao postigo me ponho, a paisagem muda, apenas os salpicos das pessoas falam comigo, as almas sacodem-se dos corpos, dois vagabundos pedem a sorrir mais dois copos e brindam à vida, deles, que levam entre leis eles que de vidas contam já seis, fazem desta desregrada a número sete, eles sim, sabem, que é no frio que o corpo não arrefece.
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Começo a olhar para aquele horizonte ondulado, ponteado de verdes e agrestes fragas que me lembram a face escanhoada de um velho pastor, com um misto de saudade e aventura, como se me chamasse o interior para viver vendo apenas o Sol deixar-se adormecer atrás dos montes, projectando sombras de ruínas que serão um dia a civilização.
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Lentamente, sem que te apercebas, colocam-te a corda, laça, vão puxando, cada vez mais, sempre devagar, para que não fujas, lentamente, até começar, gradualmente, a tirar-te a respiração, mas tu habituas-te, respiras menos, devagar, até novo puxão, menos ar, mais sangue e, um dia, quando pensares que não podes respirar menos e mais devagar, eles aproximar-se-ão de ti, com um sorriso acima do seu pescoço engravatado numa boca conspurcada, e quando pensas que te vão abraçar eles, simplesmente, do alto do seu sorriso sarcástico, chutam o banco que tens debaixo dos pés e morres, enforcado, para que eles possam tirar a corda, lavar e usar novamente noutros, daqui a anos ou séculos, que o tempo pouco passa para os déspotas.