Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2012
Vejo todos os dias onde são ninguém,  arquivando viagens que bebi  por entre mundos de quem se tem dentro de um dia morno que te sorri.
De todas as capas que poderia vestir, assenta-me melhor a que não uso.
Av. Marechal Gomes da Costa, não sei o que me atrai mais, se o brilho oponente e invisível do orgulho com que as árvores ainda seguram algumas das suas folhas, se o desamparado abraço com que umas boas décadas de gente seguram um outro corpo desengonçado, se pelo vício, se por doença, não o sei, apenas o seu íntimo, se por um acaso calhar, hoje em dia raro, de o seu, o íntimo, ser coisa transparente e dotada de honestidade. Pára uma e outra ambulância, Amarante, Felgueiras, os quatro piscas vão trazendo um pouco de urgência que já não é, a porta lateral anima-se e sai em primeiro lugar uma arrastadeira. Ainda não me tinha emocionado, havia de acontecer agora, o Bombeiro, gente dos seus cinquentas, pousa o andarilho e com um carinho que as ruas da cidade me desabituaram a ver amiúde, entra na ambulância, passa o braço em redor do peito abraçando com força a alma de um corpo que não se levanta, içar à vida quem a ela ainda se agarra. O resto veio depois, mas eu tinha já ali o meu quocie...
A meditação de um dia cabe em todas as linhas tortas onde, porventura deuses, tentaram escrever direito. O destino de uma viagem é saber-se jamais concluir uma caminhada, o mundo é redondo e nós, triângulos, obtusos.
A desaventurança de uma tarde cinzenta percorre todas as noites, ao relento, os montes alvos do sonho à procura de crepúsculos, para encontrar nos primeiros desabrochares de luz o final do infinito. Enquanto eu, irei um dia veranear pela vida, num outro corpo, que este desembarcou numa planície equivocada.
Um dia, eu, de tronco e ramos, vou deixar-me levar pelo vento para ser um quadro na parede de uma galeria soturna, abandonada, onde repousam cavaletes que me viram desenhar.