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A mostrar mensagens de julho, 2007

Ser de quem?

Sentei-me no sofá, tal como ontem e escrevi algumas linhas. Queria aproveitar o facto de as ideias estarem a aflorar, mas constatei que faltava-me força, os dedos não premiam ritmadamente as teclas, pareciam até com menos vida e não conseguiam fazer florir as palavras. Escrevia sobre um certo episódio, daqueles que via quando viajava de comboio, mas as personagens pareciam agarradas a outras histórias dentro de mim e mesmo eu, que as adoro reviver, estava com dificuldades em ver por entre o nevoeiro que se levantava, Desliguei e fechei o portátil, pousei-o na secretária e vim para a cama. Coloquei o caderno na mesa de cabeceira e li um pouco. Preparava-me para dormir quando o caderno me chamou. Abri-o e escrevi estas linhas, sem saber porquê. Para tudo há um tempo e o tempo não existe,.. Creio que "têm" razão, somos dos sonhos e não eles de nós, apenas governamos os sorrisos e esses, bem, saber que os posso mandar sorrir em qualquer circunstância faz de mim um rapazinho...

É tarde

É tarde, os dias de calor colocam-me num estado de letargia. Confesso que não gosto de calor por várias razões, algumas prendem-se com a estupidez humana de, assim que chega um pouco de calor, os incêndios iniciarem em força. Tinha, como sempre, várias coisas para escrever, vários estados de alma (gosto desta combinação de palavras, estado de alma) que capto ao longo desta minha passagem pela vida. Desligo a luz da sala, local onde estou neste momento, a Ana dorme e ouço os acordes iniciais de Telegraph Road, versão original. A única luz que vejo é o brilho do monitor do portátil. As mãos fogem-me da posição correcta das teclas e demoro mais tempo que o usual para escrever palavras diferentes, mas com o mesmo sentimento. Domingo. É um dia pouco usual para cerimónias fúnebres, no entanto, vicissitudes de ordem religiosa assim o obrigam. Está calor, os óculos escuros fazem mais sentido, o suor escorre-me pela cara e costas. Morreu o Sr. Faria. É “apenas” mais uma pessoa entre as vári...

Quem vive?

As manhãs de Verão frescas parecem-me noites de Outono e isto faz-me feliz. Sigo semi atento ao que me rodeia, as ultrapassagens, os gestos, as raivas e os sorrisos. Sinto-me zonzo com o serpentear de vida não vivida à minha frente e fico sem saber: serei eu quem não vive?

Numa outra altura talvez...

Os sonhos possuem tanto de concreto como as paredes dos castelos que construí em criança. Espreitam por cima das nuvens e acenam-nos, fazem com que acreditemos ser possível, vestimos o nosso melhor fato, ensaiamos o discurso e quando estamos prontos o sonho foge, para se esconder atrás de outra nuvem mais distante... São várias as nuvens que vou deixando para trás, uma e outra a cada sorriso que passa, para imaginar que um dia, atrás de uma nuvem ainda maior, um sonho mais altivo se erga, talvez construído por todos os que me fugiram... Amanhã vou novamente para fora, longe dos outros e um pouco de mim mesmo, sem tempo e vontade de abanar a árvore das palavras... Agora, mais do que sonhar e sorrir para nuvens, apago o candeeiro, viro-me para o lado esquerdo, enterro a cabeça na almofada e fecho com força os meus olhos, à espera que o sono chegue rápido e eu não sinta a minha almofada húmida... Talvez tente subir a outra nuvem.

Olá

Olá... Não pude escrever antes, por isso desculpa... Uma questão de tempo e cansaço. Andei sempre com o meu bloco, para anotar as fotografias que não tirei, porque não levei máquina fotográfica. Hoje estou aqui, no Porto e tudo, mas tudo é diferente, as pessoas, o ar, a paisagem... Às vezes, em dias como este e porque não tenho vergonha de o dizer e ser como sou, sinto saudades, vontade de escrever tudo, sem parar, para pousar numa folha de papel tudo o que trago comigo. Ainda não tenho tempo de escrever o que quero, aproveito a pausa de almoço e o intervalo antes de ir buscar um material, para vir aqui e pousar umas poucas linhas... Vou andando... talvez logo ou depois volte aqui, com o caderno das fotografias escritas, para viver de novo o que me faz viver. Até logo.

Onde?

Onde poderei pousar o meu olhar, agora que não vejo? Vagueio sem viajar nas sombras que a paisagem planta à sombra, nos retalhos verdes de montes sem gente com alma de ser sem se saber ser.

have a nice journey home

Vou estar a semana fora, mas nem utilizo o pretexto de "vou ter tempo para escrever" porque sei que não o vou fazer... E também vi. hoje. que perdi todos os poemas (anteriores a este blog) que tinha escrito e guardado no computador... Boa semana.