Arde e ganha
“ Arde e ganha ”, crónica no Canal N. As tardes de domingo prolongam-se pelos restantes dias da semana nas aldeias onde o tempo parece não habitar. Passo devagar, intriga-me o nome de uma rua mais do que a localidade, assim como os entalhes graníticos nas paredes melancolicamente cultuais cujos capiteis, lentamente, soçobram à passagem dos homens, mas não dos anos. Uma trindade de idosos, como constelação afastada, perde o brilhar no corpo torpe, moreno, cujos trejeitos capilares esbranquiçados se escondem por debaixo das camisas desabotoadas e das boinas descoloridas. Aproximo-me no carro e como um sopro assumem uma postura erigida, os nós das mãos esbranquiçam-se pelo esforço com que agarram a retorcida moca, a hombridade da existência não conhece condições e assoma-se ainda mais quando nada veste o corpo, ou a pessoa, além das vestes feitas para proteger o casulo carnal dos elementos circundantes. - Boa tarde meus senhores – digo-o por respeito, braço de fora da porta do car...