É do futuro o entrelaçado passado que me soçobra, não pelo vento, nem a falta de alento, mas pelo que de mim me ausculta, vitrificado, o outro eu que não meu, teu enfim o infinito calado, como a palavra silenciada o meu cajado.
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Não devia viver assim
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“ Não devia viver assim ”, crónica do nada , para ler no Correio do Porto ou aqui. Sabermos o quão a madrugada nos molda para o dia é adiantarmo-nos ao nosso crepúsculo. Não o imaginei por iniciativa própria, mas por descortinar pelo fumo da chaminé de aço inox ou pela senhora que, agora, passa por mim com uma rodilha no alto da cabeça, o saco de plástico, que ganhou as vezes de uma seira de vime, das compras equilibrado, uma mão sustendo o pacote de bolachas e a outra mão, alavancado a vontade de comer, com bolachas Maria, num acto mariano de alimentar a alma numa manhã fria para o corpo. As portas ainda não descerradas quando a braseira ou o fogão a lenha parecem já trabalhar, exibem a casa fechada ao tempo, onde os anos se amontoam no corpo regado a vinho tinto, maduro, e panelas de sopa, verde, que são sorvidos em igual quantidade, numa miscelânea apropriada às manhãs, onde os amontoados restos de poda, folhas varridas com o amor que se sabe ter ao Outono em que entramos, na e...