Sulcos
"Sulcos", crónica de Domingo na Bird Magazine, para ler neste link ou aqui. Caminho nesta tarde cinzenta e húmida de Outono. Há momentos em que ao invés de calcar as folhas dos plátanos, arrasto os pés e vou deixando dois sulcos, como lentos carris, atrás de mim. Existe em nós algo narcisista, de cunho histórico, a presença que gosta de percorrer caminhos e deixá-los assinalados, como quem afirma: - Passei aqui. Algo semelhante ao que encontramos em todos os parques e locais públicos, mais ou menos frequentados, as vulgares frases “Eu estive aqui” ou o usual “Amor para sempre, de Joaquim e Joana”. Os nomes são inventados, não por mim, mas por alguém, eu apenas escolhi dois aleatoriamente e juntei-os naquela pequena frase, cicatrizada tumefactamente na face de uma madeira que já se cresceu árvore. Falava, ali acima, dos sulcos. Percorri uns metros e olhei para trás, o vento tinha levado já algumas folhas para tapar os sulcos, meus e de outros, há várias manias com os mesmos...