A chuva adormece enquanto fecho os olhos e o café ondula em aroma até me cobrir o fim da manhã com a tenacidade dos sonhos. 
Nas poças de chuva corre-me o Douro ou o Tua ou o Sousa, cheio, criando ilhas desprevenidas onde me socorro náufrago. 
Não será sempre Inverno, nem Verão, não terei sonhos eternos, nem sempre razão. 
É pela volatilidade da maré que aspiro ser Açores, deitar-me numa colina e hortensiar-me em tons de azul e lilás e quando não me souber retalhar que venha outrem e sussurre baixinho e a sorrir: está na hora de partir.
Para onde me corre a vida, atarefada, no regato de água doce, nas poças em que salto quando não estão a olhar?
Torga, que me afugentas a sobriedade, para onde me escreveste tu?
Descem as alegorias e o palco esfumaça-se por onde caminhei, não me calçam os passos nas encostas onde por entre xistos o frio se resguarda encostado ao meu corpo.
Há caminho alheio à caminhada, será por aí a minha estrada.

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