Com eira, sem beira
Crónica de domingo, na Bird Magazine . Curva contra curva, as retas sucedem-se também tortas, o pequeno-almoço bamboleia desprotegido no estômago e começo a pensar se não será desta vez a primeira em que irei ficar mal disposto ao volante. Paro no que seria suposto ser um miradouro, o chão calcetado apresenta fosseis de folhas de eucalipto e memórias de quem por lá parou, acredito que em noites mais sombrias e frias, onde a cegueira do amor possa ver o que dois corpos jovens, ávidos, têm a dizer um ao outro. Não satisfeito com o local arranco, mais uma mão cheia de curvas e encontro o local perfeito. O Sol irá em breve transformar o granito dos bancos em solarengo repouso, desligo o carro, abra a porta e rio-me da estupidez habitual em tentar sair do carro sem desapertar o cinto. Já sem cinto, física e homofonicamente, espreguiço-me com o à vontade de saber que ninguém está a ver. Ao fundo o Douro serpenteia, com mais ou menos sede, alheio às vontades de quem o navega sem valorizar a ...