Colho a morte que da vida nasceu
entre mim,
carril,
e a travessa que me ardeu
quero-me apeado
em traje de mosto fogueado,
sem que me façam ouvir por onde andei
nem que me icem onde calei,
ali no estender da mão
daqui à imaginação
sulco com os pés o chão
frio
quente
de nada me vale a vida pela frente
sem a retaguarda do torrão
violado
na abstinente calejada estação
em ferro
forjado
o marco vivo
no peito enterrado.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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