Trago já de longe o barulho característico do metal das rodas do comboio a zunirem no ferro do carril. Ouvir é-me deixar escorregar pelas imagens de uma paisagem que me olhava quando puto me colocava em pé, sobre os radiadores, e espreitava o vento a correr do lado de lá da janela, o cheiro a cigarro, o pregão intermitente do rebuçadinho da Régua, a lentidão do trajecto na rapidez da aventurança de catraio a tentar descobrir o que era o sonho de vir a ser carruagem com locomotiva de ronco forte e áspero.
Paro, escuto, olho.
O que vejo faz-me levar a mão aos olhos, não vá o vento, o calor da linha e o cheiro de óleo queimado deitar fora o sal que ainda me tempera a visão.

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