Esqueci o sabor do abandono, quando chove cheira a terra abandonada molhada, a terra e a abandonada. Molhada. Já nem mosto espremo da vintageidade a que me cavernizo, pensei que fosse de carvalho a madeira tanoeirizada, mas é um composto qualquer, sem posto, sem pousio outro que não o descanso e a saudade de me ver com sabor. A mar. Amar. De vida bebida a lua, saudade, minha, vales-me Tua. Não me sabendo serpentear vou-me tolhendo, folheando, crescendo ao cimo de um regato, talvez encontre em mim quem sou, de facto.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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