Vou caminhar a uma só letra. Passos correrão, certamente, para que do agitar da geada que se forma enquanto durmo novas grafias transformem palavras em dias. Faz-me falta calendário, em branco, para prolongar presentes e colmatar passados, ali, com o futuro ao virar da folha rasgada pelo picotado.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Comentários